Uma atitude que salva vidas

Conheça a história do motorista Gustavo que, com a atitude certa na hora certa, mudou a vida da pequena Maria Fernanda

O dia 11 de abril seria mais um dia de trabalho na rotina de Luiz Gustavo da Silva. Trabalhando no Transporte da Saúde da Prefeitura de Pindamonhangaba há 6 anos, o motorista especializado, de 47 anos, estava acostumado a levar pacientes para São Paulo, para exames e até transplantes, mas aquela quinta-feira seria um dia que ficaria para sempre em sua memória… o dia em que ele salvou a vida da pequena Maria Fernanda, de apenas 10 anos.
A viagem para o transplante de fígado de Maria Fernanda se iniciou normalmente, naquela manhã, pois a Prefeitura se preocupa em enviar os motoristas e pacientes com boa antecedência de horário, para que a viagem seja tranquila. Contudo, segundo contou Gustavo, o trânsito parou em Taubaté, o que já começou a preocupar o motorista. “Normalmente a gente leva pacientes para transplante de rim, que é mais comum. Mas para transplante de fígado eu sei que é mais delicado porque não existem muitos doadores e o órgão não pode ficar muitas horas aguardando a cirurgia. Por isso, eu sabia que minha responsabilidade era ainda maior naquela viagem, porque o horário era muito rígido e principalmente porque tínhamos o agravante que a Maria Fernanda é apenas uma criança e a gente, que tem filho, e vem acompanhando a história dela, se apega um pouco, né”, confessou Gustavo.
O motorista, que é pai de Matheus, de 18 anos – “mas vai ser sempre criança pra gente” – contou que levava Maria Fernanda nos últimos dois anos para São Paulo, pelo menos uma vez por mês para todos os exames necessários para o transplante. “Por ser criança e por estar há dois anos na fila da cirurgia, a gente tem um carinho, então eu procurava fazer com que as viagens fossem mais descontraídas, brincava e conversava com ela e a avó dela, a dona Maria Aparecida. Acabava juntando a razão e a emoção”, lembrou, por isso, quando finalmente chegou a chance para o transplante, Gustavo compartilhou da alegria da família.
Porém, o trânsito na via Dutra parecia não querer colaborar. “Já havíamos ficado parados em Taubaté, aí quando chegamos em São José dos Campos, furou o pneu do carro e já comecei a ver a preocupação no semblante das pessoas, pois o horário começou a ficar apertado até o Sírio Libanês, em São Paulo. Procurei uma borracharia, mas o atendimento começou a demorar e, como estávamos perto da Polícia Militar, eu resolvi procurar ajuda, e prontamente atendidos. Pode colocar aí, por favor, o meu agradecimento especial ao capitão PM Galletti, que me ouviu e entendeu a gravidade do caso. Ele falou que a partir daquele momento, a Maria Fernanda passou a ser prioridade para eles, o que me deixou muito agradecido e confiante”, lembrou Gustavo.
O Grupamento Aéreo da Polícia Militar em São José dos Campos fez os contatos necessários e um helicóptero Águia da PM veio de São Paulo e fez o transporte da menina para o hospital para a operação, que durou mais de 6 horas, terminando por volta de 23h30.
Maria Fernanda recebeu o fígado de uma paciente de 15 anos da cidade de Praia Grande, litoral sul de São Paulo, cuja família doou todos os órgãos – atitude que colaborou para salvar muitas vidas.
A avó de Maria Fernanda, Maria Aparecida dos Santos, está muito feliz. “Para mim, é primeiro Deus e depois o Gustavo”, garantiu. “Nossa, como ele foi prestativo! Ele ficou nervoso porque viu que a gente poderia perder essa oportunidade do transplante que já estávamos esperando há tanto tempo, então ele tentou o máximo que pôde e teve essa iniciativa de procurar a PM. Então viemos de helicóptero Águia para a cirurgia e deu um friozinho na barriga, mas era a ajuda que precisávamos para o transplante”, contou a avó.
No fim da manhã de segunda-feira (15), o estado de saúde de Maria Fernanda era considerado bom. “Hoje mesmo o Gustavo nos ligou pedindo notícias e já avisei para ele que minha neta está se recuperando muito bem. Ainda está na UTI, e estou aqui com ela. Sente um pouco de dor por causa do dreno, mas fez ultrassom hoje e o pulmão dela está limpinho. O médico disse que em dentro de uns 15 dias deve ter alta. Aí o Gustavo falou que faz questão de vir buscar a gente de ambulância”, falou Maria Aparecida.
Reconhecimento
pela atitude
Desde a cirurgia de Maria Fernanda, quem tem recebido elogios é o motorista Gustavo, que confessou estar muito surpreso pela repercussão de sua atitude. “Quando o ‘Águia’ levou Maria Fernanda e dona Maria Aparecida para o Sírio Libanês, eu continuei viagem até São Paulo pois ainda tinha outros pacientes para levar. E me assustei quando as pessoas começaram a me ligar e me parabenizar. Eu não tinha feito nada esperando aplausos, por isso fiquei assustado com a repercussão. Inclusive, eu sempre trago um rolo de papel aqui no carro e dessa vez não foi suficiente para enxugar o ‘suor dos olhos’”, brincou, lembrando de como ficou emocionado com toda essa situação.
E que repercussão! A história de Gustavo foi compartilhada nas redes sociais da Prefeitura de Pinda com grande interação dos internautas e só elogios. Mais de duas mil pessoas curtiram a iniciativa do motorista. E não foi só na Prefeitura não. Imprensa local e regional deram a notícia e ele recebeu cumprimentos pessoalmente do prefeito Isael Domingues (que o convidou para participar de uma entrevista na rádio Ótima) e até mesmo o governador João Dória e o senador Major Olímpio deram os parabéns para Gustavo por meio das redes sociais. O motorista conta, ainda, que recebeu os cumprimentos de seus colegas de trabalho e recebeu mensagens de motoristas de Curitiba, Votuporanga e Fortaleza. É o reconhecimento de uma ação que, em segundos, mudou a vida de uma criança!

  • Motorista Gustavo e prefeito Isael participam de entrevista
  • Maria Fernanda e a avó Maria Aparecida a bordo do “Águia” da Polícia Militar