Uma vida inteira para o carnaval

Colaborou com o texto:
Gabriel Nogueira

Guarani Marcondes Avelar tem 72 anos e 60 anos de carnaval. São 60 anos dedicados para à felicidade e à cultura da cidade de Pindamonhangaba, 60 anos de história. Começou na escola do Boêmios do Morro do Tabaú e até hoje participa incansavelmente em muitas escolas de samba, todos os anos. Também participa das marchinhas, mas a paixão é escola de samba.
A grande influência da sua vida foi seu pai, que também participava de escolas da cidade. Uma lembrança de Guarani é que seu pai plantava bananeira enquanto todas as pessoas passavam com a escola, até a última pessoa passar, brincando com a comunidade.
Guarani é uma pessoa com um coração grande, sempre esteve disposto a ajudar, não só em Pinda, mas também em outras cidades do Vale, qualquer escola de samba e marchinha, fazendo de tudo, desde a organização até tocar na banda.
A paixão pelo carnaval começou com doze anos, quando entrou para primeira escola de samba da vida, no Alto Tabaú, no Boêmios do Morro do Tabaú. Ele conta que foi descoberto pelas pessoas que já eram da escola. Ele e um amigo estavam brincando em frente, com um bastão, jogando pra lá e pra cá, e depois disso só desfilaram com uma autorização dos pais.
Na época existiam oito escolas de samba em Pinda, escolas muito grandes. Ele lembra que um dos melhores carnavais do vale aconteceu nos anos de 1970 e 1980, com até mais de 600 pessoas em uma escola. Uma época da vida de Guarani foi dedicada à escola de samba Pindense, ele representava a cidade com a escola até em outras cidades, a escola sempre ganhava ou ficava em segundo lugar, nunca em terceiro.
Mais de treze anos participando da escola Camisa Verde em São Paulo, na ala dos goleiros, com o conhecido João do Pulo, eles foram tricampeões nos anos 90. No carnaval de 1992 a TV Globo fez um entrevista do repórter Carlos Tramontina, com Guarani, falando que sambistas não eram vagabundos, provando que eles tinham alguma profissão – Guarani trabalhava em uma empresa e era químico – , eles gravaram a matéria no laboratório e na avenida do carnaval, mostrando que o folião também tem uma vida profissional. O tema daquele ano era sobre noite e dia, começando com os carros alegóricos da lua até o sol no final da escola, previsto para entrar com o dia já claro. Porém, choveu e houve um atraso no desfile da escola, assim entrando com todos os carros com o dia claro. Guarani tomava conta de ala no Camisa Verde e a entrevista passou no dia do desfile, sábado, e no domingo ele saiu na escola em Pinda, no Pindense, com toda a cidade se sentindo representada por ele.
Atualmente, ele está há oito anos na escola de samba em Taubaté e colabora com as marchinhas de Pinda, a cidade querida por ele.
“Ser homenageado por ser querido e conhecido por toda cidade é muito gratificante, pela história do carnaval da cidade e por muitas pessoas que fizeram parte e não fazem mais, poder representar todas elas”, afirma Guarani.

Este ano, o “Festival de Marchinhas” homenageia Guarani, um dos grandes incentivadores à criatividade dos compositores populares de todo o País, com muitas histórias e riquezas sobre o carnaval de Pinda

  • Créditos da imagem: Divulgação