Nossa Terra Nossa Gente : VALSA DA DESPEDIDA

Toda vez que passo em frente à Rua General Júlio Salgado, 286, espio os portões fechados da antiga residência de Manoel César Ribeiro e EloynaSalgado Ribeiro e o que eu vejo transcende tempo e espaço, como se possível fosse voltar à Pindamonhangaba dos idos de 1960 e 70 e ter um lugar de honra no coração desse casal que constituiu uma adorável família (9 filhos: Luiz, Ruy, Maria Emília, José, Manoel, João Antônio, Maria Célia, Paulo Gustavo, Eloyna Maria – sem mencionar os netos e bisnetos) e escreveu, juntos, um dos capítulos mais bonitos da história política de Pindamonhangaba. Essa casa de portões sempre aberto será o retrato fiel da alma de seus donos!
“Mané Ribeiro”, como era conhecido, foi um dos líderes políticos mais respeitados e prestigiados de Pindamonhangaba. Filiado à União Democrática Nacional – UDN, foi prefeito de Pindamonhangaba por dois mandatos. No primeiro, tinha apenas 28 anos e foi eleito com mais de 70% dos votos (1948 – 1952). Nas eleições de 1951 e 1955, foi um dos vereadores mais votados. Como político, ele sempre contou com grandes amigos e aliados: o Serviço Médico Rural funcionou graças à colaboração do Dr. Otávio Campello de Souza e, o Serviço Dentário Rural, com a ajuda do Dr. Francisco de Assis César. Em seu segundo mandato como prefeito (1961 -1964), teve apoio do governador Carvalho Pinto, angariando recursos para a prosperidade de seu povo e de sua Pindamonhangaba.
Vítima de um acidente de automóvel em Campos do Jordão, Manoel César Ribeiro faleceu na madrugada de 16 de julho de 1981. Em seu féretro, uma multidão o homenageou numa silenciosa caminhada da Prefeitura até o Cemitério do Santíssimo. Lá estavam pessoas de toda a cidade e da zona rural despedindo-se não do homem ilustre que ocupou cargos na alta esfera pública municipal, mas do compadre, do amigo, do irmão que estendeu a mão na hora mais triste e sofrida, do homem do campo, simples e amado por todos.
Sobre a morte, Mané Ribeiro sempre dizia: “Sei que há outra vida muito melhor que a vivida neste mundo. Mas quando eu for desta, saibam que fui de muita má vontade”. Ave, Mané Ribeiro! Nós saudamos esse seu amor inconteste à vida e à sua terra natal.Homens como você não morrem, “ficam encantados” diria Guimarães Rosa. Essa sua luz de benemerências iluminatodo santo dia o céu de sua Princesa do Norte!
No centenário de seu nascimento, o tributo de nossa terra e de nossa gente! Esse marco nos faz revisitar as páginas de nossa história e celebrarmos os 100 anos do filho de Benedito Ribeiro da Cunha e de Maria Luiza César Ribeiro, nascido aos 13 de março de 1919, em Moreira César.
Nossas mãos unidas em gesto de gratidão celebrama luz de sua primeira manhã! E o livro “Mané Ribeiro, um lutador” (Editora São Benedito, 2019), de autoria de seu filho Luiz Salgado Ribeiro, reunirá sua honrosa história de vida e muitas memórias de seus feitos e de suas lutas. Grande Manoel! Dos filhos ilustres de Pindamonhangaba, o líder ruralista, aquele que nos ensinou “a amar as pessoas e as coisas da roça” com toda sua alma e de todo seu coração.