Lembranças Literárias : Vida e morte da figueira

Um dia ela nasceu à beira do caminho
e teve com as outras plantas a sua infância!
foi ganhando altura, linda, em seu cantinho
sem aspirar jamais o cetro da arrogância!

Os anos que passavam seu progresso viam,
na vestimenta verde-escuro da folhagem,
pois de seu tronco gigantesco então partiam
os múltiplos e fortes braços da ramagem!

Deu sombra ao caminhante, abrigo à passarada,
deu nome ao nosso bairro em que se via amada,
causando grande inveja à velha Mantiqueira!

Até que um dia, cambaleante e já cansada!
Velha, triste, agonizante, foi cortada,
deixando em todos nós saudade a vida inteira!”

Geraldo Pires, jornal Tribuna do Norte, 1º de agosto de 1987

  • A garotinha aos pés da figueira é Gilda Cunha Ruggiero (falecida), mãe da psicóloga Cláudia Cecília Ruggiero, que atua na DDM (Delegacia de Defesa da Mulher)