Construindo Cidadania: Experiência vivida e dividida. Parte 2

Quando – 3 a 11 de agosto de 2018.
Onde – País – Peru/Província de Loreto/Cidade – Iquitos/ Bairro – Belén/Selva Amazônica.
Depois de ter contado um pouco do lugar onde fiquei este tempo agora quero começar a falar das experiências.
No primeiro dia recebemos as recomendações de sobrevivência no local onde iríamos passar a maior parte do tempo, Belén. Coisas básicas como: compre água, não coma coisas na rua e evite as mãos nos olhos e boca e use álcool gel sempre que possível e não leve coisas de valor para o trabalho.
Após estas, começamos os trabalhos conhecendo nossa rotina, que seria bem larga, com muitas idas e vindas, em tuctuc ou ônibus, opções para participar de diversas atividades e os encontros no centro cultural de Iquitos, estes seriam ricos em trocas de conhecimento com palhaços de outros países. Os encontros na maioria das vezes aconteciam no começo da manhã e da tarde a algumas vezes a noite, sempre coordenados pela equipe do instituto Gesundheit de Nova York – EUA, criado e coordenado pelo Dr. Hunter Patch Adams, que não esteve nesta viagem por motivos particulares, mas estavam conosco, seu filho Lars Adams e o Dr. JonyGlick, amigo e parceiro do Dr. Patch durante toda a vida, um ser humano incrível que passa grandes lições de amor incondicional pelo ser humano mostra para nós palhaços que o olhar é a maior ferramenta que temos e podemos, na verdade devemos utilizá-lo bem mais, falar é bom, mas ouvir e olhar é melhor ainda.
Ouvir é um dos grandes aprendizados desta viagem, ouvir e se colocar no lugar do outro, ver a comunidade onde estávamos com olhar carinhoso e não de ódio pelos políticos que deixam daquele jeito, olhar com olhar generoso para aprender com aquelas pessoas, que participaram junto conosco de diversas atividades e nos mostraram tanto respeito, carinho, educação, generosidade, gratidão, mas o desejo de transformar o lugar, a cidade, o mundo, mas antes de tudo, a si próprios pois isto eles têm total domínio.
A nós voluntários coube o papel de sermos ferramentas pequenas para esta transformação, muito mais um incentivo para que elas ocorram de fato, pois direitos eles já têm. A nós voluntários coube o papel de assistir e apoiar toda e qualquer manifestação de desejo de mudar. Nós voluntários utilizamos das armas que dispúnhamos: arte, dança, cinema, contação de histórias, riso, musica, pintura, conversa, jogos, visitas, tradições, presentes, abraços, sorrisos (MUITOS), olhares, mãos dadas, brincadeiras, ulaula (bambolê), palhaçadas, atenção, sugestões e caminhadas, ufa como caminhamos.
Esse era nosso espectro de atividades, nos inscrevíamos para uma ou mais a cada dia e divididos nos pequenos grupos, existia mais uma preparação pequena para a atividade específica, ali nossas habilidades eram chamadas a prova para que pudéssemos oferecê-las à comunidade de forma bastante intensa.
Assim saíamos prontos, ansiosos, suados (pelo calor tropical), poluídos (fumaça dos tuctucs) e com certeza que todos fariam o melhor. Sem apontar erros, sem tentar ser melhor que ninguém, pois não havia tempo para ficar pensado nisso, sem querer aparecer para ninguém, 60 voluntários invadiam diariamente o bairro para doar (tempo) e seu talento e receber um sorriso de agradecimento de crianças e idosos sem distinção.
No próximo capitulo detalho mais as atividades que fizemos sem distinção.