História : Em 1948: cessões pelo progresso da “Princesa do Norte”

Ao pindamonhagabense que por força de diferentes circunstâncias foi residir em outra cidade, aqui retornando periodicamente, impossível não vislumbrar uma Pinda-monhangaba diferente a cada nova visita. Isso é resultado das transformações ocorridas a cada nova administração municipal. Tudo que progride se transforma, muda, e vice-versa.
Para que isso ocorra em um município, além da sintonia dos poderes, dos governos (Municipal, Estadual e Federal), é extremamente necessária a boa vontade e espírito de participação dos munícipes naquilo que lhes compete. Não nos referimos simplesmente ao pagamento dos impostos que são revertidos em benefício da cidade, mas das cessões que proporcionam um novo traçado da área que compreende o município, facilitando acessos, novas obras, instalações de empresas etc.
Um exemplo deste procedimento fomos encontrar numa lei municipal publicada no jornal Tribuna do Norte (edição de 5 de dezembro de 1948). A mencionada lei, a de nº 28, de 28/11/1948, revela que naquele ano a Prefeitura foi autorizada a receber “por doação pura e simples”, áreas de terrenos que possibilitaram a construção de importantes vias públicas, “de conformidade com as plantas respectivas”.
As áreas de terrenos assim como seus doadores podemos conferir nas seguintes alíneas do artigo primeiro da citada lei:
“I – dos senhores Rafael Muassab e Marcos Frischer, uma área de terreno medindo 510,50 metros por 12 metros, que partindo da Praça Cornélio Lessa vai até as divisas com terras de Ivo Couto;
II – dos mesmos, uma área de terreno medindo 204,40 por 12 metros que, partindo da rua Monteiro de Godoi, vai até as divisas com terras de Mário Lessa Salgado;
III – dos mesmos, uma área de terreno medindo 414,60 por 12 metros (nº 3), que vai às divisas com terras de Geraldo Lessa Salgado;
IV – da senhora Vitória Glória Baldini Salgado, uma área de terreno medindo 170 por 10 metros, com ponto de partida na rua Senador Dino Bueno;
V – da mesma senhora, uma área de terreno medindo 70 por 10 metros, que parte da rua projetada anterior;
VI – e da mesma senhora, uma área de terreno medindo 142,50 por 12 metros;
VII – de Mário Amadei, uma área de terreno medindo 84,50 por 11,66 metros, que partindo da rua Rodrigo Lobato vai até a mesma esquina com o terreno dos senhores José Augusto Alves Moreira, Alfredo Flores e José Guilherme Pestana;
VIII – dos senhores José Augusto Alves Moreira, Alfredo Flores e José Guilherme Pestana, uma área de terreno medindo 115,70 por 12 metros, que partindo da rua campo Alegre vai até a esquina com a área do terreno do senhor Mário Amadei, descrita no item anterior;
IX – do senhor Francisco Piorino, uma área de terreno medindo 172 por 12 metros, que partindo da rua Cônego Tobias vai até a rua Coronel José Francisco;
X – do mesmo senhor, uma área de terreno medindo 88 por 12 metros, que partindo da área anterior vai até a avenida Fortunato Moreira;
XI – do senhor Alfredo Abílio Flores, uma área de terreno medindo 310 por 10 metros;
XII – do mesmo senhor, uma área de terreno medindo 30 por 10 metros.”

Significativa contribuição
Pelas descrições dos locais das áreas doadas, os leitores, especialmente os mais antigos, podem constatar que se tratavam de propriedades localizados na região central e bairros próximos, portanto, imóveis de considerável valor na especulação imobiliária.
As famílias citadas como doadoras na lei mencionada (com certeza outras também o fizeram), destinaram importante contribuição para o desenvolvimento de Pindamo-nhangaba, haja vista que as administrações municipais – e aqui não nos referimos somente a de nossa cidade – nem sempre dispõem de verbas suficientes para concretizar os ideais progressistas de seus governos.
Tempos difíceis
Naquele ano de 1948, o prefeito era o professor Manoel Ribeiro e o presidente da Câmara o Dr. Francisco Romano de Oliveira, a administração municipal vivia tempos difíceis. Havia muita dificuldade para obter verbas dos governos Estadual e Federal.
A sociedade brasileira convivia com a intensidade das transformações originadas pelo início do processo de industrialização e também devido à redemocratização no pós-guerra. Os tempos eram de discussão de propostas que visavam o desenvolvimento nacional, com destaque para o papel do Estado na economia. Havia os setores que se posicionavam a favor da intervenção estatal, mas havia também os contrários à medida.
Para administrar um município era necessário muito mais que boa vontade, ânimo, era preciso devoção ao interesse público, persistência, coragem e muita criatividade.

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