Editorial : Embora brasileiro seja empreendedor, país está entre países com pior desempenho no ranking internacional

Não é de hoje que o Brasil é um dos países mais empreendedores do mundo. De acordo com o Sebrae, 3 a cada 10 brasileiros adultos estão envolvidos com uma iniciativa de negócio próprio.
Entretanto, o espírito empreendedor muitas vezes esquece-se de que planejar o empreendimento é fundamental.
Essa falta de atenção, por exemplo, aliada à crise econômica fez o Brasil despencar no ranking internacional de empreendedorismo.
Como curiosidade, vale ressaltar que em 2015, o país ocupava a 95ª posição no ranking com 132 países. Hoje, despencamos e caímos para a vergonhosa 101ª posição.
Segundo Guilherme Barbassa, especialista em estratégia empresarial e CEO da Stratec, pouquíssimas empresas conseguem executar a estratégia de modo a atingir os resultados planejados. “Os gestores se ocupam em fazer a operação e acabam não conseguindo pensar na estratégia. E a implementação de uma prática de gestão requer um esforço inicial significativo para criar um plano e implantar”, diz.
Dentre os principais fatores que levam os empreendedores brasileiros a não desenvolverem uma cultura de planejamento, está a falta de conhecimento, que é, muitas vezes, uma barreira para que as empresas planejem suas ações, no entanto, não tem sido um fator impeditivo para que as pessoas abram o próprio negócio.
Outro ponto a ser destacado é o imediatismo, pois há muitos empreendedores que começam um negócio hoje e no mês que vem querem faturar alto.
O ideal é que os gestores de empresas dediquem o máximo de tempo possível para o planejamento de ações que contribuam para o atingimento dos objetivos do negócio, delegando as atividades operacionais a outros profissionais. No entanto, como sabemos, nem sempre é possível, devido às limitações de orçamento para contratações
A de se considerar também a falta de objetivos concretos, pois boa parte dos empreendedores cria uma empresa por uma única razão: gerar rendimentos, isto é, obter lucro. Com a formalização dos MEIs, ficou ainda mais evidente a característica de subsistência familiar das empresas, em especial as micro e pequenas.
Quando o único objetivo é gerar lucro, perde-se de vista o potencial que a empresa tem para gerar valor para a sociedade, para incrementar a economia e trazer novas soluções para o mercado. E a razão de ser da empresa deixa de existir, ela também deixará de fazer sentido, o que significa que, quando as empresas deixam de dar lucro, elas são fechadas.
Neste sentido, falta ao empresariado brasileiro criar negócios para perseguir uma missão, um propósito. Quando este propósito é estabelecido, o empreendedor lutará com unhas e dentes para atingi-lo e, para tanto, passará a ter uma visão de longo prazo.
Consequentemente, o planejamento virá à tona como a melhor forma de alcançar o que se pretende.
Planejar é traçar o caminho mais curto até seus objetivos, definindo as prioridades do seu empreendimento, o direcionamento das suas ações e o alinhamento necessário para fazer com que seus funcionários também saibam qual é a missão da sua empresa.