Entrevista da Semana

A entrevistada desta semana é a doutora em Engenharia de Materiais e Diretora da Fatec (Faculdade de Tecnologia) de Pindamonhangaba, Cristina de Carvalho Elisei. Na instituição desde 2007, e gestora da unidade desde 2008, Cristina não se intimidou por ser uma mulher atuando em um ambiente composto em sua maioria por homens, pelo contrário, ela buscou e busca contribuir de forma técnica, acadêmica e com olhar detalhista e inovador.

TN: Quantos anos tem a Fatec e qual sua principal finalidade?
O Centro Paula Souza – mantenedor da Fatec – está completando 50 anos. Com uma estrutura de 4.941 funcionários, mais de 12 mil professores nas escolas técnicas; mais de 3.300 professores nas Faculdades de Tecnologia; as 223 Etecs, contam com 213 mil alunos e as 73 Fatecs, com 84 mil alunos. Em Pindamonhangaba são nove funcionários, cinco auxiliares docentes, uma bibliotecária e 50 professores, todos contribuindo para uma formação de qualidade.

TN: Quantos anos tem a Fatec Pinda? Sempre foi neste endereço?
A Fatec Pinda tem 13 anos. Começou em 2006, em duas salas no fundo da Etec João Gomes de Araújo e, em julho de 2008, passou a atuar neste atual endereço.

TN: Qual a principal missão da Fatec?
Promover o ensino superior gratuito de qualidade, formando profissionais com competências e conhecimentos humanísticos, científicos e tecnológicos, com princípios éticos e responsabilidade social.

TN: Como a Fatec é mantida?
A Fatec é mantida pelo Centro Paula Souza – que está ligado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado de São Paulo.

TN: Como os alunos ingressam nessa Instituição?
Por meio de vestibular, com 54 questões de múltipla escolha e uma redação. Há pontuação acrescida para afrodescendentes e alunos de escola pública. É importante ressaltar que, por meio de pesquisa, sabemos que 80% dos alunos das Fatecs e Etecs vieram da rede pública de ensino e 30% são afrodescendentes.

TN: Quais foram os principais resultados desde que você chegou a Fatec?
Eu entrei na Fatec em 2007, como professora de Fundição. Em 2008, quando viemos para este prédio, até julho ainda havia um diretor, e em outubro eu assumi a direção, era apenas os blocos 1 e 2; e o prédio administrativo. Repleto de terra, sem internet e sem telefone. Ao longo do tempo, fomos crescendo juntos. Tanto eu quanto a instituição. Eu não tinha me imaginado como diretora de uma faculdade. Minha formação é acadêmica, já trabalhei em indústria, mas meu planejamento sempre foi atuar na área acadêmica. Hoje, temos nove blocos de prédio, com 17 laboratórios, 14 salas de aulas, biblioteca e anfiteatro. Outra coisa, quando começamos aqui, havia sete professores e um curso noturno: ‘Processos Metalúrgicos’ – antigo ‘Metalurgia’. Atualmente, possuímos dois cursos matutinos e três noturnos. Temos vários projetos, não só as graduações regulares, mas também “Escola de Inovadores”, que é uma iniciativa sem exigência de formação escolar ou superior; apenas que tenha um projeto que será desenvolvido e fique pronto para a sociedade. Há também o “Fama” e a ‘Sala Verde’, que tem um selo do Ministério do Meio Ambiente, e trabalha com a sociedade questões ambientais. Outro projeto é o ‘Fatecano do Futuro’, que trazemos os estudantes do Ensino Fundamental e Médio para conhecerem a faculdade e os projetos desenvolvidos. Temos o ‘Simpósio’, um evento anual onde os alunos apresentam os trabalhos que eles desenvolvem para o meio de iniciação científica, até os trabalhos de graduação mesmo. Temos ‘Café com as Empresas’. Enfim, são muitos os projetos e iniciativas junto às empresas e à sociedade em prol do desenvolvimento da cidade e da região.

TN: Qual sua área de formação? E por que você quis trabalhar na Fatec?
Quando eu ingressei na Fatec eu estava finalizando o doutorado na Unesp, na área de Engenharia de Materiais, com ênfase em materiais metálicos. Iniciei aqui como professora substituta, para poder dar aula de Fundição, que tem a ver com a minha formação. Isso para mim foi uma grande oportunidade, já que eu queria seguir carreira acadêmica. Em um ano, praticamente, eu já estava como diretora da unidade, pois já tinha formação na área: eu estava no lugar certo e na hora certa. Foi um grande desafio proposto a mim, porque eu já tinha sido coordenadora de curso técnico no Senai, mas diretora de faculdade não. Logo depois, comecei a fazer diversos cursos de gestão, fui pelo Centro Paula Souza para uma feira na Alemanha e ano passado fui para o Japão pela Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA). Atualmente estou fazendo um curso online de gestão do Peru e em março do ano que vem, irei para lá junto ao grupo de diretores para a parte prática.

TN: Quais suas metas pessoais e para a Fatec?
Continuar contribuindo para a educação, por ser meu maior objetivo depois que eu entrei na Engenharia. Continuar trabalhando para o crescimento do Centro Paula Souza – uma escola pública que tem uma ação social muito forte – já que o aluno que ingressa, fica muito grato por conseguir crescer e evoluir. E para a Fatec de Pinda, eu penso que já chegou num estado de maturação, que já é possível trazer uma pós-graduação e consolidar essa formação do tecnólogo. No exterior isso já é muito forte, na Europa a formação é basicamente do tecnólogo, que é bem parecido com o nosso: são três anos de uma formação bem focada e de especialização, com dois anos já se faz o mestrado e com quatro o doutorado.

TN: Qual sua relação com Pindamonhangaba e com o Vale do Paraíba?
Eu trabalho em Pinda há 12 anos. Já fiz parte do Conselho Municipal de Educação. Participo de projetos com a prefeitura; incluindo o estudo de desenvolvimento de uma incubadora de empresas que fizemos aqui… Eu acredito que mesmo eu não morando em Pinda, tudo o que eu tenho feito tem sido aqui.
Eu moro no Vale desde os meus 10 anos de idade; a família da minha mãe é de Cruzeiro. Moro há 12 anos, e me formei na Unesp de Guaratinguetá. Fiz estágio e trabalhei na Etec e no Senai de Cruzeiro. Em Pinda também trabalhei no Senai e vim convidada pela pessoa que estava implementando a Fatec na cidade para dar aula de Fundição. Participamos da Abimaq – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, de São José dos Campos –, também do Núcleo de Jovens e Empreendedores do Ciesp, de Taubaté. Temos várias parcerias com empresas aqui do Vale e hoje eu sou representante dos diretores das Fatecs do Vale do Paraíba.

  • RAIO-X Da FATEC pinda Quantos anos tem: 13 anos Quantos funcionários: 9 funcionários / 5 auxiliares docentes / 1 bibliotecária e 50 professores Quantos alunos: Cerca de mil alunos Endereço: Rodovia Abel Fabrício Dias, 4010, Água Preta – telefone: 3648-8756
  • Cristina (à direita) em premiação devido à parceria com o Centro Paula Souza, realizada no prédio da IBM em São Paulo, em 2011