Vanguarda Literária : Fernando de Azevedo: um Homem de Pensamento

A História Educacional Brasileira deve muito à atuação de grandes mestres. Entre eles, merece um lugar de destaque o mineiro de São Gonçalo do Sapucaí – FERNANDO DE AZEVEDO, um iluminado, um pioneiro que participou do Manifesto pela Escola Nova (1930), ao lado de Anísio Teixeira (outro Grande Baluarte da Educação Brasileira), e foi um dos fundadores da Universidade de São Paulo (USP), diretor da Faculdade de Filosofia e o primeiro ocupante da Cátedra de Sociologia da referida Universidade. Atuou no jornalismo, na Crítica Literária, fundou a Associação Brasileira de Educação (1924) e a Biblioteca Pedagógica Brasileira. Foi Secretário de Educação e Saúde do Estado de São Paulo, autor de extensa obra e pertenceu às academias Paulista e Brasileira de Letras. Entre tantos livros escritos, merece destaque especial; ”A Educação e seus Problemas (Editora Nacional, 1937) , um abrangente estudo sobre a Educação Brasileira, em que o autor discute a renovação educacional, o papel da mulher brasileira na sociedade, e a Educação Nova.
Fernando de Azevedo era um homem meticuloso e organizado, provam essa afirmativa os dez volumes de seu arquivo pessoal (doado ao Instituto de Estudos Brasileiros), com sete mil matérias, publicadas em jornais da época, contendo artigos sobre a sua histórica administração frente à Diretoria de Educação Pública do Distrito Federal (Rio de Janeiro). Era um homem obsecado pelo trabalho e obstinado, lutando tenazmente pelos seus ideais, pela Educação Brasileira. Segundo o eminente crítico literário, professor e escritor Antonio Cândido, que foi seu assistente na USP, FERNANDO DE AZEVEDO foi um homem de pensamento, “Um exemplar raro de homem que gostava da responsabilidade, cuja lucidez era aguçada, não embotada pelas dificuldades”.
Homem com múltiplos interesses intelectuais, para quem nada do que é humano lhe era estranho, escreveu de educação física às ciências sociais; transitou pela psicologia e sobretudo, como já referi anteriormente, pela educação. Entre os seus 25 livros figuram entre outros: Pricípios de Sociologia (1935), Sociologia Educacional (1940) e A Educação na encruzilhada (1937).
Íntegro, humanista na verdadeira acepção do termo, para ele “O humanismo não está na matéria que ensinamos (seja qual for, letras ou ciências sociais), mas, no espírito que anima no ensino de qualquer disciplina e na maneira de ensiná-la”. Sem sombras de dúvida, FERNANDO DE AZEVEDO, foi um homem insigne, e como afirmou Antonio Cândido: ”Possuía a retidão escarpada dos lutadores e a ternura afetuosa dos grandes corações”. No momento atual, na grande crise econômico-social que vivemos, e sobretudo de inversão de valores, em pleno século XXI, esse Excelso Mestre continua iluminando caminhos!