Editorial : #ForçaChape-Em tragédias é natural buscar culpados e criar teorias

O Jornal Tribuna do Norte lamenta profundamente o trágico acidente ocorrido na madrugada de terça-feira (29), que culminou na morte de membros da Chapecoense, tripulação, convidados e imprensa.
Apesar do momento de indignação, incredulidade que possa ocorrer no país, é importante que todos tenham prudência sobre os fatos.
Toda vez que ocorre uma tragédia, seja um desmoronamento de terra, uma enchente, um acidente com ônibus e, especialmente, um desastre aéreo, surgem várias teorias, hipóteses, e infinitas desinformações de tudo que poderia ter sido feito para evitar a catástrofe.
No caso de queda, colisão, explosão ou desaparecimento de aeronave, as possibilidades se multiplicam. Na manhã de ontem, mal tínhamos a informação sobre as vítimas e os sobreviventes e já surgiram um monte de especulações sobre o equipamento de voo, veto da Anac etc.
Um dos fatos mais graves foi a questão envolvendo o goleiro Danilo – um dos heróis da ‘Chape’ – na classificação contra o San Lorenzo. Primeiro a notícia do seu resgate com vida; depois outro texto com depoimento de seu pai – informando que recebeu ligação em que atestava que Danilo estava ‘estável’; na sequência a notícia da morte confirmada pela Cruz Vermelha; alguns minutos depois, uma nota da CV em que ‘desmentia a morte de Danilo’; por fim, a confirmação do falecimento do arqueiro do clube.
Este é apenas um fato para relatar os problemas que ocorrem na apuração de tragédias.
Também foi constatada a idade do veículo aéreo, a procedência, se a documentação estava em dia, as horas de voo, a automonia, e tudo mais. O avião que sofreu um acidente enquanto transportava a equipe da Chapecoense era de um modelo bastante utilizado na Europa, pois percorria distancias curtas. Segundo sites especializados, a aeronave de matrícula CP-2933 tinha 17 anos e pertencia à companhia aérea boliviana Lamia. No momento da queda, tinha 77 pessoas a bordo (69 passageiros e nove tripulantes).
Sabe-se que o presidente da empresa era o piloto. E não há conhecimento de regra aérea internacional que proíba um proprietário de conduzir um veículo aéreo.
Portanto, julgar a companhia ou a atitude do comandante é descabido. Como dado complementar, segundo um site espanhol, o equipamento que sofreu um acidente com o time da Chapecoense foi utilizado pela delegação Argentina na viagem para o Brasil, há menos de três semanas, quando a seleção hermana perdeu por 3 a 0. Além disso, já a própria Chapecoense, o Atlético Nacional da Colômbia (seu adversário na final da Sulamericana) e vários outros clubes já utilizaram a aeronave.
O equipamento era um quadrimotor produzido pela British Aerospace entre 1983 e 2002 e surgiu para oferecer capacidade inferior aos 100 assentos. Ao logo de 17 anos, o fabricante lançou três gerações do modelo, que ao total acumularam 387 aeronaves produzidas.
Parou de ser fabricado pela chegada de concorrentes do segmento, como das empresas Bombardier e Embraer.
Debater sobre as possibilidades técnicas ou a perícia do comandante também não é oportuno. Como já citado, o momento é de dor, lamentação, e não de evasivas tentativas de buscar uma explicação.
O laudo oficial com a causa ou as causas, que podem ser falhas mecânicas, elétricas, pane seca, colisão, imperícia, imprudência do piloto ou qualquer outra atitude deve sair nos próximos 20 dias. Duas caixas pretas foram encontradas na tarde de ontem. Técnicos já iniciaram trabalhos de perícia.
No momento, cabe apenas rezar pelas famílias das vítimas e pelos sobreviventes. O acidente, que será marcado para sempre como uma das maiores tragédias aéreas envolvendo brasileiros, também é o maior envolvendo um clube de futebol.
Infelizmente, o sonho da ‘Chape’, equipe que foi às alturas, foi interrompido com uma queda na madrugada. Um acidente que jamais será esquecido.
Junto com os guerreiros de ‘Condá’, a imprensa, lá, junto para cobrir, a maior partida de um clube de Santa Catarina. A grande maioria se foi, e outros, esperamos que não, ainda podem perder a vida.
Aos jornalistas mortos e seus familiares, e ao sobrevivente, nosso respeito e lamentação pelo ocorrido. Não há mais palavras para descrever o fato. Ao povo de Chapecó, aos parentes de atletas da Capecoense, sua torcida, nossa mais profunda tristeza e apoio.
#ForçaChape.