História : Há 100 anos… a Tribuna quarentona!

Em 1922, a “Folha de João Romeiro” completava 40 anos de imprensa na Pindamonhangaba que se preparava para comemorar o 1º Centenário da Independência.

A cidade tinha como prefeito o coronel Benjamin da Costa Bueno; presidia a Câmara Municipal o Dr. Alfredo Machado. A população alcançava a marca de 25.000 habitantes, conforme Athayde Marcondes, na 2ª edição de “Pindamonhangaba Através de Dois e Meio Séculos”, publicada em 1922 (lançamento integrava programação do Centenário da Independência).

Era o ano, como vimos acima, em que se comemorava o 1º Centenário do Grito do Ipiranga. Como parte dos festejos, dali a dois meses, no dia 22 de agosto, seria inaugurado, na praça Monsenhor Marcondes, o monumento dedicado aos pindamonhangabenses participantes da Guarda de Honra de Dom Pedro I. O obelisco em memória ao comandante da guarda e demais filhos da Princesa do Norte que, daquele local, há 100 anos, haviam partido em histórica cavalgada rumo à pátria livre.

A Tribuna aos quarenta

Naquele domingo, 11 de junho de 1922, fazia sete anos que seu fundador, o Dr. João Romeiro havia partido, a Tribuna do Norte completava quatro décadas de existência (idade, já naquele tempo, avançada para um jornal do interior). A edição de aniversário, a de número 2.149, constava como diretor Plínio Marcondes Cabral, auxiliado (na gerência) por Alberto Nogueira.

Trazia a primeira página dois extensos artigos se referindo à data…

O primeiro, acreditamos de autoria do diretor, com o título “O nosso aniversário”, iniciava congratulando-se com os leitores, amigos, redatores e colaboradores pela passagem de mais um aniversário.

Em seguida, lembrava a difícil caminhada do periódico: “Esse largo lapso de tempo a ‘Tribuna” tem vivido, se bem que com grandes dificuldades, mas o que é sobremodo confortador, cercada sempre da estima e do acatamento da população de Pindamonhangaba”.

Destacava a acolhida e colaboração sincera que sempre recebera: “A ela não tem faltado, mercê de Deus, o concurso desinteressado e valioso de uma plêiade de distintos moços cultores das boas letras. Não lhe falta, felizmente, a dedicação clarividente de não menos distintos auxiliares, desde os mais modestos até o corpo redatorial! Assim, pois, nestes últimos dois anos, podemos afirmar, a ‘Tribuna do Norte’ tem encontrado uma larga e desanuviada estrada, em que o destino lhe tem propiciado momentos de íntima satisfação”.

Acentuava a conduta da ‘Folha de João Romeiro’, ao longo dos anos das décadas de sua existência: “A ‘Tribuna’ jamais agiu jugulada pelo suborno ou movida por sentimentos menos dignos; ela obedeceu sempre, desde os seus tempos primordiais, aos princípios da mais elevada moral”.

Recordava os ideais de seu fundador: “Dest’arte, inspirada na nobre direção que lhe imprimiu no passado o seu ilustre fundador, que era um perfeito cultor do Direito, vamos prosseguindo na mesma rota, tendo como ideal a defesa das causas nobres”.

E concluia: “A todos, agradecida, a ‘Tribuna’ envia através destas ligeiras linhas, o seu leal amplexo, mais cheia de fé no futuro, com a promessa do seu esforço de sempre em prol dos ideais alevantados do nosso povo!

Da outra crônica dedicada à aniversariante, assinada por Jercy Jacob, destacamos sua comparação envolvendo a Tribuna e os grandes jornais da época: “Nem por ser uma folha de interior, isto é, nascida, ideada neste recanto das plagas dos Bandeirantes, jamais deixou e deixará de ser igualmente, e até principalmente, destinada a agitar as mais complexas questões de interesse geral, literário, científico, social etc., como todo órgão moderno que se preza”.

Segundo ele, o Brasil era um país em que faltava o hábito da leitura constante. Sobre isso, tecia interessante opinião: “Porque não há progresso sem vulgarização de ideias, e essa não se faz apenas pelos livros. Os povos que mais leem são os que apresentam maior e mais homogêneo desenvolvimento intelectual e, como consequência, maior atividade, civilização mais adiantada, conforto e bem estar maiores. São os mais ricos, mais felizes, fortes e acatados são os povos ‘leaders’!”

O cronista Jercy Jacob (que em 1924 também viria a ser diretor da Tribuna do Norte) concluiu o seu artigo felicitando a diretoria do jornal que, conforme disse, “…com esmerada dedicação, sabe nortear este aniversariante que sempre trouxe as suas colunas ventiladas por ideias e pensamentos literários, sem nunca se baixar ao terreno pessoal ou das imputações gratuitas”.

Passados 100 anos…

Hoje, no ano do aniversário de 140 anos do jornal Tribuna do Norte, está em sua direção a jornalista presidente da Fundação Dr. João Romeiro (entidade mantenedora do jornal desde 1980), Jucélia Batista, a Jucy.

A cidade de Pindamonhangaba tem como prefeito o Dr. Isael Domingues; presidente da Câmara, José Carlos Gomes. A população, de acordo com estimativa populacional calculada pelo IBGE para 1º de julho de 2021, era de 171 885 habitantes (sete vezes mais que há 100 anos).

Ainda neste ano de 2022, tendo à frente, na organização dos eventos, a Comissão Municipal do Bicentenário, Pindamonhangaba comemora com a pátria os 200 anos da Independência.

Quanto ao país, de 1922 para 2022, é evidente, crescemos na indústria, economia, nas conquistas dos brasileiros (votos das mulheres e analfabetos, diminuição da taxa de analfabetismo, comunicações etc.). Entretanto, a infeliz coincidência de um século, diz respeito à existência também de uma pandemia. Naquele ano de 1922, sem vacina e com recursos muito menores para o combate, a população brasileira padeceu, de forma muito mais dolorosa, outros efeitos pandêmicos, o da gripe espanhola. Mal que assolou o país entre 1918 e 1918, causou 35 mil mortes num Brasil que contava com 30 milhões de habitantes. Neste inicío de junho, o número de óbitos de brasileiros pela covid-19 esta na casa dos 670.000. (Fonte: https://www.tudocelular.com)

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