História : Lembranças Literárias

Transeá

Tu és dona de mim, tu me pertences,
e nesse delicioso cativeiro,
não querer que , injusto bandoleiro,
possa eu n’outra pensar, ou n’outro penses,

Doce cuidado meu, não te convences
de que tudo na terra é passageiro,
frívolo, fértil, rápido, ligeiro…
E a pertinácia do erro tu não vences!…

Um belo dia – hás de tu ver! – desaba
esta velha afeição, funda e comprida,
que toda gente nos inveja e gaba…

Choras? Para que lágrimas querida?
Naturalmente o amor também se acaba
como tudo se acaba nesta vida…

Arthur Azevedo,
Tribuna do Norte. 14/4/1929

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