Micale quer uma seleção compacta e ofensiva

Um time ofensivo, com variação de jogadas e compacto, sem abrir mão do talento individual. É assim que será a seleção olímpica de Rogério Micale. O treinador é adepto de um jogo intenso, com pressão constante sobre o adversário e voltado para o ataque. Seguidor do trabalho de vários técnicos – como Pep Guardiola, Carlo Ancelotti e Jürgen Klopp -, ele revela em seus métodos essas influências. Tem, porém, definições próprias.
Micale é didático. Antes de cada treino, coloca um quadro em um cavalete no gramado, reúne os jogadores, explica o que será treinado e qual o objetivo. Na realidade, os atletas já vão para o campo com uma noção do que terão de fazer. “Ele sempre passa um dia antes o treino do dia seguinte”, revelou o meia Felipe Anderson. “Isso facilita bastante, pois podemos visualizar o que vai acontecer no treino”.
Para facilitar assimilação, o treinador divide o campo no que chama de quadrantes. Além de cones, utiliza fitas para fazer marcações. Desenha quadrados, retângulos, losangos e delimita linhas retas. Busca, com isso, aprimorar o posicionamento e a compactação – muitas vezes os jogadores são proibidos de sair do espaço demarcado para que atuem.
Ele também fala bastante durante os treinos – que nunca têm menos de 1 hora e 45 minutos -, para a atividade sempre que sente ser necessário dar ou reforçar uma instrução e conversa bastante com os jogadores. “São conversas importantes, até para passarmos feedback. Mas está sendo bem fácil para a gente entender o que ele quer”, disse o lateral-esquerdo Douglas Santos.
Rogério Micale também se mostra bom ouvinte. Deixa os jogadores exporem as suas impressões e dúvidas. Neymar e Fernando Prass são os principais interlocutores.
FUTEBOL TOTAL
Por definição, Rogério Micale diz que seu esquema base de jogo é o 4-2-3-1. “Mas essa é uma plataforma inicial. Depende do momento do jogo. Pode nos armar nos 4-3-3 e até no 4-2-4”, avisou, sobre a possibilidade de escalar um ataque com Neymar, Gabriel Barbosa, Gabriel Jesus e Luan, embora a tendência é o gremista ser reserva.
Ele também deve optar por um volante marcador, mas que seja eficiente na saída de bola. Isso faz parte de sua filosofia ofensiva, presente em todos os setores do campo. Os goleiros, por exemplo, são orientados a usar bastante os pés, seja para sair jogando ou para dar lançamentos que possibilitem pegar a defesa adversária desguarnecida. “No futebol de hoje, a participação do goleiro é muito importante”.
A marcação sob pressão feita a partir dos atacantes visa tanto a possível retomada de bola perto do gol adversário como auxiliar os defensores. Afinal, o conceito de Rogério Micale é “atacar com 11 e defender com 11”. A defesa da seleção será alta. Ou seja: os jogadores vão se posicionar bem próximos da linha do meio de campo.
Dos atacantes, Micale pede rapidez, criatividade e movimentação, embora nessa semana de treinos Neymar, a estrela máxima da seleção, tenha ficado grande parte do tempo pela esquerda, em um posicionamento igual ao do Barcelona.
Também quer tabelas em velocidade. No treino deste domingo, após tabelinha do trio Neymar, Gabriel Barbosa e Gabriel Jesus que terminou em gol, ele não se conteve: “Isso, isso! Olha que coisa bonita! Aí eu vou invadir o campo para comemorar”.