Nos tempos da Baiuca

Por volta dos anos setenta, ali na Rua Deputado Claro César, havia um barzinho cujo nome era Baiuca.
Era frequentado exclusivamente por homens e raramente fechava.
Atraía fregueses de todo tipo: gente que passava para tomar um cafezinho, outros que ao deixarem os turnos de trabalho nas fábricas da cidade iam até lá simplesmente para tomar uma cervejinha com os amigos.
Parada também obrigatória para pessoas que saíam de algum baile e que, antes de ir para casa dormir, portavam no famoso bar para comerem uma pizza maravilhosamente preparada pelo palhaço Bioró, seu chefe de cozinha.
Entre os frequentadores do local também estavam os noctívagos de nossa cidade, hoje “órfãos”, sem rumo certo, nas noites pindamonhangabenses.
Dentre suas várias atrações estavam as trovas de seu fundador, Orlando Brito.
Uma delas se tornou o lema da casa, dizia mais ou menos assim: “Bebei! Bebei sem receio! / Homem que bebe e tem brio / não gosta de copo cheio / nem pode vê-lo vazio! ”.
Surpresa na Baiuca
Os funcionários do setor de Planejamento de Produção da empresa Alumínio Indústria S/A, (AISA), antiga fábrica localizada na estrada que leva para a fazenda Coruputuba, em Pindamonhangaba, estavam preocupados.
Aguardavam a chegada de um novo chefe.
Apreensivos, muitas perguntas lhes rondavam a cabeça:
Como seria a vida na fábrica a partir de então?
Quais seriam as mudanças na rotina do setor?
Como se comportaria o novo chefe?
E muitas outras perguntas mais.
De repente, numa bela manhã, ele apareceu.
De terno e gravata. Muito sério e compenetrado.
O dia transcorreu tenso. Logo mais, à tardinha, após o expediente, como de costume os funcionários partiram para a cidade em direção à Baiuca.
Naquele dia, mais do que em qualquer outro, precisavam de uma cervejinha para relaxar.
Quando lá chegaram tiveram uma grande surpresa.
Quem já estava lá? O novo chefe. De bermuda e copo na mão.
A partir daí foi só alegria!

Texto originalmente
publicado em:
HISTÓRIAS DE MUITOS
AMIGOS

• Autor: Gerson Jorio
• Data de publicação:
maio de 2015
• Número de páginas: 260
• ISBN: 978-989-51-3808-1
• Coleção: Passos Perdidos