História : O festivo aquartelamento do 2º Batalhão de Infantaria em Pinda

Prosseguindo nossas pesquisas no Arquivo do Jornal Tribuna do Norte referentes às unidades do Exército Brasileiro que antecederam ao 2º Batalhão de Engenharia de Combate – Batalhão Borba Gato, nesta edição registramos a chegada, no final de ano de 1923, do 2º Batalhão do 5º Regimento de Infantaria

Conforme já foi divulgado nesta página de história, os primeiros soldados do Exército a conviverem o dia a dia da cidade de Pindamonhangaba foram os pertencentes ao efetivo do 4º Corpo de Trem, em 1918; batalhão que devido a reformas ocorridas no Ministério do Exército, passou a ser denominado 2º Corpo de Trem. Essa unidade militar se despediu do município em 1922, e nesse mesmo ano suas dependências foram aquarteladas pelo 2º Regimento de Cavalaria Independente.
Sobre a permanência do 2º RCI em Pindamonhangaba, a Tribuna traz em sua edição de 27/8/1922, com o título: Ministério da Guerra (Várias resoluções do Dr. Pandiá Calógeras), a seguinte nota: “O Ministro da Guerra, atendendo a pedido do comandante da 2ª Região Militar, resolveu: a) – transferir o efetivo em praças e animais do 12º Regimento de Cavalaria Independente para o 2º de Cavalaria Divisionária incluindo escolta do quartel general da Região, com exceção porém, dos graduados engajados, que ficarão adidos a esse Regimento, até ulterior deliberação; b) – transferir para o 2º Regimento de Cavalaria Divisionária, os reservistas, os reservistas do 12º de Cavalaria independente ; c) – mudar provisoriamente a parada do 2º Batalhão do 6º Regimento de Infantaria para Pindamonhangaba”.
A nota é assim confirmada na edição TN de 5/10/1922: “De acordo com o regulamento que baixou o decreto 14.397 de 9 de outubro de 1920 e instruções contidas no Boletim Regional nº 222 de 27 de setembro, foram desincorporados, portanto excluídos do estado efetivo do 12º Regimento de Cavalaria Independente e esquadrões a que pertencem, todas as praças e cabos, que ficam considerados reservistas de 1ª linha e 1ª categoria.
Como se sabe, foi extinto o 12º RCI aqui aquartelado e que será substituído por um Batalhão de infantaria. Por ocasião da desincorporação, o ilustre capitão Bento do Nascimento Vellasco, pronunciou um patriótico discurso…”.

Quartel silenciou

Com a extinção do Regimento de Cavalaria a população ficou sem ouvir não somente o tropel dos cavalos, o quartel instalado na praça, na época denominada Praça da República, silenciou… Não mais os toques militares como o da alvorada e o do silêncio; a enérgica voz de comando nas ordens unidas e demais formações; não mais os patrióticos cantos militares e demais sons que atestam a presença de um efetivo militar.
Quase completados um ano após o fim do 12º RCI, a TN edição 26/9/1923, trouxe notícias referentes à próxima unidade que aqui se aquartelaria. Intitulada O nosso quartel do Exército, informava a nota: “Em outubro próximo, segundo estamos seguramente informados e devido aos ingentes trabalhos empregados pelo nosso peclaro chefe Dr. Claro Cesar, incansável propugnador do progresso local, virá estacionar-se no antigo quartel do 2º Corpo de Trem, um batalhão do Exército.
Essa resolução foi definitivamente tomada após conferências havidas entre os ilustres generais Abílio Noronha, comandante da Região e Cândido Pamplona comandante do 6º Regimento em Caçapava e o Dr. Claro Cesar.
Ante tão auspiciosa notícia, não podemos deixar de regozijar com a nossa população”. (O redator TN não mencionou, desconhecemos se por distração, que o local havia aquartelado, mais recentemente, o 12º Regimento de Cavalaria Independente).
A previsão de uma nova unidade Exército me Pindamonhangaba em outubro de 1923 não se confirmou. Com o título “Exército Nacional”, a expectativa do quartel da Praça da República ser novamente ocupado teve novidade na edição de 21/10/1923 da Tribuna: “Decorridos muitos meses em que o vasto quartel da Praça da República estava silencioso com a retirada, por motivo estratégico, do 12º Regimento Independente de Cavalaria que o ocupava, vai ele, dentro em breve, segundo informações de fonte fidedigna, movimentar-se de novo e agora com mais intensidade, pois será ocupado pelo 2º Batalhão do 5º Regimento de Infantaria de Lorena.
Sendo um batalhão que comporta cerca de 20 oficiais e mais 300 praças, é bem de ver que seu alojamento entre nós concorrerá grandemente para incrementar a vida da cidade e nos proporcionar ainda, mais uma vez, o ensejo de privarmos com a oficialidade distinta de nosso Exército, tanto a que aqui esteve e com a qual nos demos perfeitamente e da qual nos recordamos sempre com saudades.
Comandando esse batalhão vem o major Maurício Cardoso, oficial distinto, tratável e cavalheiro que saberá captar e desde logo ser alvo de nossa estima e consideração”.

Enfim, a Infantaria

É a edição de 27/12/1923 que confirma a chegada do 2º Batalhão do 5º Regimento de Infantaria. O jornal divulga a chegada no dia 26 de dezembro daquele ano, às 10 horas em trem especial da Estrada de Ferro Central do Brasil. Fala do intenso movimento de pessoas que haviam comparecido à gare da Estação da Central, “a fim de receber festivamente a nova unidade de Exército”.
Segundo a TN, no recebimento do batalhão de infantaria “notou-se a presença de diversas pessoas “gradas e de destaque de nossa sociedade”. O jornal destacou a presença da gloriosa Corporação Euterpe, que abrilhantou ainda mais a recepção. A Euterpe teria executado vários números de seu repertório enquanto a população aguardava a chegada dos militares.
A entrada do trem especial “conduzindo a oficialidade, inferiores e soldados que compõem o 2º Batalhão”, foi ao som da marcha executada pela banda do 5º Regimento aquartelado na cidade de Lorena.
Prosseguindo na divulgação revela aquela edição do jornal Tribuna do Norte: “Após o desembarque e as apresentações feitas das autoridades locais e pessoas gradas pelo major Pedro Maciel da Silva, delegado à Junta Militar ao comandante do 2° Batalhão capitão Marcos Antonio Felix de Souza, os soldados formaram em frente ao edifício da estação, dirigindo-se em seguida para o quartel”. Na sala de comando o capitão Marcos Antonio teria oferecido um copo d’água às pessoas aos presentes e na ocasião foram trocados diversos brindes.
Complementando registrou a TN: “O Batalhão que aqui está estacionado ficará sob o comando em comissão do capitão Marcos Antonio Felix de Souza e atualmente estão servindo como oficiais o 1º tenente Domingos Neto de Velasco, 2º tenente Miguel Cardoso, 1º tenente Iberê Leal Ferreira”. Destacando que também estivera na cidade, visitando o quartel, o coronel comandante do 5º Regimento de Infantaria, João Fleury de Souza Moreira, “vindo em sua companhia o capitão Cândido José de Oliveira Sobrinho, fiscal do Regimento e o dr. Capitão Nelson da Fonseca”.
Naquela edição o jornal Tribuna do Norte cumprimentou a distinta oficialidade do 2º Batalhão, fazendo votos para que fosse uma longa e feliz permanência da referida unidade do Exército em Pindamonhangaba. Também foram divulgados os inúmeros telegramas de autoridades elogiando a vinda do 2º Batalhão de Infantaria ao município como: general Abílio de Noronha – comandante da 2ª Região – São Paulo; deputado Claro Cesar – então presidente de diretório de partido; general Pamplona – comandante da 4ª Brigada de Caçapava.

  • Símbolo da Arma de Cavalaria, antecessora da Infantaria em Pindamonhangaba - Créditos da imagem: Artigo Militares
  • Símbolo da Arma de infantaria - Créditos da imagem: Exército Brasileiro