História : Obras seculares de Chiquinho do Gregório

“Cada rua de nossa cidade, como cada pedra de nossos edifícios guarda o nome venerando de Pereira de Carvalho”
(barão Homem de Mello)

Em Pindamonhangaba, dos prédios do século XIX que resistiram aos avanços do progresso e às novidades da arquitetura, pelo menos três são obras de Francisco Antônio Pereira de Carvalho, o Chiquinho do Gregório: A igreja Matriz (Santuário Mariano e Diocesano Nossa Senhora do Bom Sucesso), o palacete Visconde da Palmeira (Museu Histórico e Pedagógico D. Pedro I e Dona Leopoldina) e o palacete Tiradentes (antiga sede da Câmara Municipal no Largo São José).
Chiquinho do Gregório não possuia nenhuma formação acadêmica convencional, no entanto, suas obras nada devem às construções de autoria de renomados profissionais do século XIX, como o francês Charles Peyrouton, que projetou o palácio dos condes de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro (Palácio do Catete) e o Palacete Itapeva (atual Palacete 10 de Julho, foi sede da Prefeitura de Pinda).
Desse arquiteto amador, o historiador Athayde Marcondes, relembra “foi dedicado amigo do progresso e homem de idéias adiantadas”. Seu talento lhe valeu o histórico elogio do dr. Francisco Ignácio Marcondes Homem de Mello, o barão Homem de Mello: “Cada rua de nossa cidade, como cada pedra de nossos edifícios guarda o nome venerando de Pereira de Carvalho.”

Chiquinho do
Gregório, português e
pindamonhangabense
Nascido aos 28 de dezembro de 1820, em Portugal, na cidade de São João da Pesqueira, filho de Antônio José de Carvalho e dona Maria do Carmo Pereira, veio para o Brasil aos 16 anos de idade. Na barca “Lusitana” aportou no Rio de Janeiro em 1836. Em seguida foi para o estado de Minas Gerais, permanecendo por lá durante três anos (morava em Vila das Caldas). Estava com 19 anos (1839) quando veio morar em Pinda, onde conseguiu emprego com o capitão Gregório José de Oliveira e Costa, fazendeiro abolicionista e liberal que também foi juiz municipal, delegado de polícia e vereador local. Francisco acabou se casando com a filha do patrão, Maria Rita de Oliveira e Costa. Por ser empregado do capitão Gregório e haver se casado com a filha do patrão, é que passou a ser conhecido como “Chiquinho do Gregório”. Com Maria Rita foi pai de dois filhos, Affonso Henrique e Maria do Carmo. Ficando viúvo, casou-se novamente. Sua segunda esposa foi Firmina Pereira de Carvalho, com ela não teve nenhum filho.

Prédios
centenários
Chiquinho foi responsável pelo projeto de inúmeras construções e pela demarcação de várias ruas. Algumas de suas obras de destaque foram:
Palacete Visconde da Palmeira. No período de 1850 e 1854 foi o desenhista e construtor da nova residência do capitão Antônio Salgado da Silva, Visconde da Palmeira, atual sede do museu.

Teatro de Pinda. Teve suas obras iniciadas em 1851 e Chiquinho do Gregório também foi o autor do projeto de construção. O prédio ficava na praça Formosa, atual Monsenhor Marcondes.

Igreja Matriz. No ano de 1853, iniciou uma nova reforma na Matriz. Os trabalhos foram concluídos em 1856, recebendo, o agora Santuário Mariano, a fachada que ostenta até hoje.

Palacete Tiradentes. Em 1862 foi o desenhista e construtor do prédio que abrigou a Câmara (parte superior) e a cadeia pública (parte inferior). Prédio que também sediou a Câmara Municipal.

Fundou o 1º jornal
de Pindamonhangaba
Não foi somente na área das edificações que deixou seu nome registrado na história, também foi responsável pela fundação do 1º jornal de Pinda, ao lado de Joaquim Silveira da Costa e Álvaro Pestana. O primeiro número saiu em 9 de julho de 1863. Nesse mesmo ano foi um dos sócios fundadores do Clube Literário Pindamonhangabense, dissolvido em 1868 (não confundir com o Clube Literário e Recreativo, este fundado em 1880).

Inaugurou sua derradeira obra com seu sepultamento
Em 1864, andava muito adoentado. Mal concluiu a construção do Cemitério Municipal, obra da qual foi autor da planta (divisão da área em quadras e ruas) se agravou seu estado de saúde. Aquela seria a sua derradeira obra em Pinda. No dia 16 de outubro daquele ano, três dias depois da conclusão do cemitério, morreu Chiquinho do Gregório. Foi seu corpo o primeiro a ser ali sepultado.
Aos 44 anos de idade, sendo 25 dedicados a Pindamonhangaba, Chiquinho do Gregório concluiu sua obra terrena. Sua morte foi divulgada no jornal que fundara (O Progresso). Houve homenagens póstumas no clube que fundara (Clube Literário Pindamonhangabense) e em um dos prédios que construira (Palacete Tiradentes, homenagem da Câmara Municipal). Houve ainda comentários de pesar pelas ruas que demarcara.

 

  • Palacete Visconde da Palmeira, única reminiscência da nobreza rural paulista
  • Na construção do Palacete Tiradentes trabalharam 85 escravos pertencentes a vereadores e ao presidente da Câmara
  • Francisco Antônio Pereira de Carvalho, o Chiquinho do Gregório
  • As obras da construção da Matriz tiveram início em 1703. Inicialmente a sua frente era direcionada para o atual calçadão da Arcebispo Dom José, que se chamava Travessa da Matriz (não encontramos nenhuma ilustração referente a esse tempo). Chiquinho do Gregório trabalhou em sua reforma