Editorial : Protecionistas ao extremo – Sobretaxa dos EUA ao aço pode gerar prejuízo às empresas

Quando éramos crianças (e as de hoje) e assistíamos a filmes produzidos nos Estados Unidos, dificilmente entendíamos certas expressões, situações e produtos deles. A torta de maçã, os problemas de praticamente toda família estadunidense com hipotecas, a ausência de serviços públicos de saúde, a necessidade de ingressar na faculdade para ser um atleta, os clubes de esporte de futebol americano, basquete e outros times terem donos, dentre tantas outras.
Isso é a realidade por lá. Trata-se, apenas da cultura deles. Cultura essa que para quem está de longe, fica complicado entender.
Até por isso, não queiramos, nós os brasileiros, condenar quem apoia Donald Trump e suas ideias. Não somos americanos, não vivemos lá, não temos dentro do peito o orgulho da terra do Tio San.
Assim é também com a economia deles. Superprotetores. Basicamente tudo que é deles é bom, e o que é de fora, é ruim.
A política de proteção norte-americana aliás já deu muito pano para manga inclusive aqui no Brasil, pois sempre taxam de forma exacerbada nossos produtos.
O mais recente é o aço. O governo brasileiro deverá solicitar, ainda neste ano, uma consulta à Organização Mundial do Comércio (OMC), o primeiro estágio do processo de solução de controvérsias que será utilizado para questionar os Estados Unidos a respeito da recente sobretaxação de produtos siderúrgicos brasileiros. De acordo com o secretário-executivo do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Fernando Furlan, primeiro haverá uma consulta bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos, na tentativa de chegar a um acordo e evitar a “judicialização” do caso na OMC.
A abertura da consulta foi autorizada na última reunião da Câmara de Comércio Exterior (Camex), em setembro, a primeira do governo Temer. O material está sendo preparado pelo Itamaraty e o MDIC.
“Se não houver acordo, o que é o mais comum, embora nossa aposta seja de que se possa chegar a esse acordo, entraremos na fase seguinte, que é o pedido de formação de um painel de especialistas para uma decisão”, afirmou Furlan após participar do Congresso Latino-americano de Aço (Alacero), no Rio. Segundo ele, a decisão do painel costuma levar em média um ano.
O governo americano acusa o Brasil de dar subsídios à fabricação de aços laminados a frio e a quente. Por isso, sobretaxou os materiais. Já o governo brasileiro alega que as medidas tomadas no País não configuram vantagem indevida às companhias nacionais, e por isso tentará reverter a decisão, que prejudica, sobretudo, as vendas da CSN e da Usiminas.
A grande preocupação do governo brasileiro é de que a aplicação de medidas compensatórias (sobretaxa ao imposto de importação desses produtos) pelos americanos é calcada em acusação a mecanismos de apoio à indústria como ex-tarifário, linha Finame do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e draw back, taxados pelos Estados Unidos de subsídios.
“O Brasil tem pressa. Não é trivial porque se trata da primeira contestação perante o organismo responsável pela definição de regras de comércio internacional de nossos programas, essenciais para a competitividade da nossa indústria”, explicou Furlan.
O diretor executivo da CSN, Luís Fernando Martinez, afirmou que as medidas americanas afetam diretamente a companhia. “Não posso mais mandar bobina a quente para nossa planta nos Estados Unidos, é um contraste muito grande. Estou gerando empregos lá e não consigo levar matéria-prima”, disse no evento. Para tentar compensar essa perda, a CSN vem tentando complementar o portfólio da laminadora CSN LLC, nos Estados Unidos, com produtos brasileiros.
Para Martinez, o que existe no mundo hoje é uma guerra de moedas e uma crise de protecionismo. “A questão da defesa comercial entrou na agenda das empresas do setor”, disse.
Não só ela, mas todas as empresas do setor, pois isso dá uma reviravolta no mercado. Esperamos que não afete tanto a economia brasileira e que não gere prejuízos a Pindamonhangaba, que possui várias empresas dependentes do ramo do aço.