Proseando : QUAL É O BICHO?

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Talvez você não saiba a origem do amigo secreto, essa confraternização que acontece no último mês do ano com a finalidade de trocar presentes. De lá pra cá, algumas modificações foram feitas pelo homem. É sabido que nas empresas, na família, ou em qualquer outro tipo de associação, os participantes mergulham a mão num recipientede onde retiram um papelzinho com o nome do amigo secreto. Amigo? De vez em quando há alguém que torce o nariz ao ler o nome sorteado. “Posso trocar?”. Se corre esse risco, por que participa? Concorda? Outra regrinha diz que o valor mínimo é de… Mínimo não significa que tem que ser o valor exato. Nem menos. Jamais compre um presente abaixo do limite e complete com dinheiro vivo.
Dito isso, vamos ao que interessa. O primeiro amigo secreto aconteceu em um sítio mineiro, numa noite em que o proprietário dormia. No galpão onde se armazenavam rações, os bichos se reuniram. Na semana anterior já haviam sorteado quem seria amigo secreto de quem. E quem começou a brincadeira foi a oitava letra do alfabeto mais o fio que a costureira usa.
— Vamos começar. O meu amigo secreto é aquele que tem dois terços de cabelo artificial. Quem é? Quem é?
Os bichos palpitavam. Muitos erraram até que o irmão da pipa acertou. E foi ele quem prosseguiu.
— O meu amigo secreto, se ficar quente vira nome de comida.
Os bichos se entreolharam. Nome de comida? Como assim? Dá outra dica!
— Não posso. Está muito fácil. Usem os miolos, preguiçosos.
Minutos depois, quem adivinhou foi o bicho que come muito, mas não é bicho; e entrou na estória disfarçado de comedor de cenoura. Disse ele:
— Essa foi difícil. Vamos ver quem conseguirá descobrir quem é o meu amigo secreto. Ele é o bicho que tem três patas.
Ah, essa foi muito fácil para o bicho de terno e gravata. Ele se vestia assim, pois sonhava ser deputado para criar uma lei tão dura que tornaria crime o desamor entre todos os seres vivos. Ele discursou:
— Meus amigos bípedes e quadrúpedes. Mamíferos e ovíparos. Carnívoros e vegetarianos. Ontem, tropecei e caí. Vejam o calombo em minha cabeça.
Ele se abaixou para que todos pudessem ver.
— Não vejo nada — resmungou aquela que, dizem, foi pro brejo.
— Nem eu — disse a ferramenta de cavar que voa.
— Acho que o doutor endoidou —sussurrou a sétima nota musical acompanhada da primeira letra do alfabeto e da duodécima parte do ano.
— É uma metáfora. Pensem. O que acontece quando batemos a cabeça? Hein? Hein?
— Já sei! O marido da oitava letra do alfabeto mais o fio que a costureira usa.
E assim, a brincadeira continuou. Não sei quantos bichos mais participaram, pois, precisamente às cinco e meia da manhã o despertador berrou em meus ouvidos.