Qual é o seu talento? – O apaixonante universo dos livros usados

Cotidianamente, surgem na internet, sobretudo, nas redes sociais, brincadeiras envolvendo ‘desafios’ aos amigos virtuais. Um deles é para que o desafiado poste a capa de um livro que marcou sua vida em um determinado momento. Num instante, diversos comentários sobre os autores e sobre as obras publicadas tomam conta das redes, formando um grande debate virtual.
Mas, bem anterior ao cenário digital, uma atividade cumpre seu papel de incentivar à leitura a um preço, digamos, “mais em conta”: são os sebos literários.

Em Pindamonhangaba, a Associação Jaya – que atua na proteção e no cuidado aos animais – e também tem um bazar de usados; possui um rico acervo literário: o “Sebo da Jaya”.
Os frequentadores – quando não havia a pandemia da Covid-19 – eram os mais diversos: homens, mulheres, jovens, filhos, pais… Um ia falando para o outro e a compra de livros ia acontecendo.
“Incentivar a leitura é de extrema importância. Agora, atrelar essa atividade a uma ação tão nobre quanto à causa animal nos dá ainda mais alegria em fazer parte”, conta Cida Oliveira, a dona Cida da Jaya.
Ela é professora aposentada e disse que acha fascinante poder contribuir para esse universo literário. “Eu via muitas pessoas vindo aqui em casa, onde separei dois cômodos para as atividades da Jaya; principalmente, as meninas da prefeitura, quando podiam, compravam livros, trocavam entre elas; liam em seu horário de almoço… Eu sou encantada com tudo isso!”.

“A leitura é uma fonte inesgotável de prazer,
mas por incrível que pareça, a quase totalidade, não sente esta sede”.
– Carlos Drummond de Andrade

O papel histórico dos sebos

Os sebos literários cumprem importantes papéis para a indústria livreira: neles, podem ser encontrados livros usados, que ainda estão no mercado – às vezes em edições mais antigas (até com ortografia ultrapassada) e também exemplares de edições esgotadas e fora do mercado. Assim, os sebos também cumprem, em parte, o papel tradicional das bibliotecas públicas.
Em virtude da pandemia, o sebo segue virtualmente.
Quer saber como comprar livros; doar livros ou contribuir com outras ações do grupo? Acesse: https://www.facebook.com/groups/associacaoJaya/

O universo literário e seu papel social

“Ler melhora a nossa forma de se expressar, de conversar e de entender o outro”, afirma a servidora pública, Alexandra de Siqueira Martins. Ela diz que sempre gostou de ler e depois que foi apresentada ao “Sebo da Jaya” seu hábito aumentou. Ela e a filha Evelyn adoram partilhar leituras. “Eu prefiro suspense e romance, mas costumo ler vários gêneros”.
Para Solange Aparecida Oliveira, que também adquiriu o hábito de ir ao sebo, ler “enriquece o vocabulário e faz o tempo passar de uma forma muito especial. Eu sempre gostei de ler, mas depois que soube que comprar neste sebo estamos ajudando uma causa tão linda, comecei a comprar pelo menos uns três por mês”, conta ela. Solange também é servidora pública e disse que sua companheira de leitura é a filha Bruna, de 17 anos, que é engajada nas ações do grupo Jaya. “Minha filha adora os livros de lá. São quase todos novos; tem muitas opções e ainda estamos ajudando nas compras de itens para os animais”.
Dona Cida reforça que toda a renda arrecadada tanto na venda de livros quanto em outras ações do grupo é revertida em produtos, em itens e em procedimentos para os animais.
Sobre o incentivo à leitura, ela frisa que “essa troca de livros e de conhecimento, além da causa nobre que é a proteção aos animais traz uma energia tão boa para as nossas vidas”, disse dona Cida – enquanto terminava de folhear a obra: ‘O Lar da Senhorita Peregrine – para Crianças Peculiares’.

  • Dona Cida diz que incentivar a leitura é fascinante - Créditos da imagem: Divulgação
  • Créditos da imagem: Divulgação
  • Créditos da imagem: Divulgação
  • “Caçada Macabra” e “Uma mulher perfeita” foram as duas últimas obras lidas por Solange - Créditos da imagem: Divulgação
  • Evelyn Medeiros acompanha a mãe durante as leituras - Créditos da imagem: Divulgação
  • Créditos da imagem: Divulgação
  • Alexandra: “ Prefiro livro à internet” - Créditos da imagem: Divulgação