Sou autista, jornalista, youtuber e muito mais…

Quando a gente acorda para as batalhas diárias, precisamos nos preparar para enfrentar os problemas logo no início do dia. Nós falamos das trajetórias de pessoas conhecidas, tanto na escola, como no rádio, na televisão e na internet, mas temos dificuldades em contar a nossa própria história. Falar sobre nós mesmos, não é um trabalho fácil, porém, temos que superar as nossas dificuldades!

Sou grato pelos momentos que vivi durante a minha vida! Tanto em casa, em família; como nas escolas onde estudei e tudo que passei até aqui. Costumo dizer que nós precisamos ter bom senso, como os meus pais sempre falaram para mim, desde sempre. Conheço meus limites e ultrapassei vários limites que tentaram me impor ao longo da vida.

Sou jornalista, youtuber e quero ir mais além. Desde criança, tenho o hábito da leitura. No Fundamental, Ensino Médio e na Faculdade, meu lugar preferido sempre foi a biblioteca. Também curto filmes, desenhos animados, séries, documentários e programas educativos. Pretendo fazer pós-graduação, cursos relacionados a essas áreas, produzir conteúdo, criar meu próprio portal de notícias. Quem sabe minha emissora, uma Web TV!? De alguma forma, precisamos sonhar, acreditar, batalhar para vencer qualquer tipo de dificuldades.

Sou nascido em Pindamonhangaba, em 1996. Faço aniversário no dia 12 de dezembro, no mesmo dia em que o animador Sílvio Santos comemora esta data. Talvez por isso escolhi a comunicação para a minha carreira.

Quando tinha um aninho de idade, peguei um jornal para ler pela primeira vez. Um tio virou o jornal que eu segurava de ponta-cabeça e falou para a minha mãe que eu não estava lendo nada. Eu virei o impresso de cabeça para cima novamente e continuei lendo (risos!).

Aos cinco anos, fui diagnosticado como autista ao demonstar agitação psicomotora e dificuldades na adaptação escolar. Quando as pessoas faziam perguntas para mim, eu repetia o que o povo falava, em vez de responder. Uma vez, uma professora falou que eu não poderia estudar numa escola comum, porque “era deficiente”. Meus pais, então, foram até a coordenadora e pediram minha transferência para a sala de outra educadora, que respeitasse os alunos especiais.

Em 2012, criei o meu canal no YouTube, que fala sobre comunicação em geral (TV, cinema, animação, música, rádio, teatro, entre outros meios). Tempos depois, fui aprovado no vestibular e entrei na faculdade. Em dezembro de 2018 me formei em Jornalismo pela Universidade da Taubaté.
Além de ter superado as dificuldades em relação à produção do Trabalho de Gradução (TG), deixei para trás o bullying que sofri na minha infância e adolescência.

Fui o primeiro autista a me formar em Jornalismo pela Unitau. No dia da minha colação de grau, fiz o juramento e minha família ficou muito emocionada! Dei entrevistas em diversos veículos da mídia regional, onde falei sobre a minha vida, o autismo, e a conclusão do curso superior.

Recentemente, participei do ‘Seminário de Educação Especial da Rede Municipal de Ensino de Pindamonhangaba’. Dei o meu depoimento sobre a minha vida escolar, minhas particularidades devido ao autismo e o papel da escola na minha formação como profissional e como cidadão. Foi um momento importante, pois falei diretamente para educadores sobre como eles podem ajudar os alunos especiais a se sentirem acolhidos.
O meu sonho é ir para uma grande metrópole, como São Paulo e trabalhar numa grande emissora de rádio ou de televisão. Continuar a produzir conteúdos para a internet e fazer cursos para aprender ainda mais sobre a área que estou seguindo.

O que minha família sempre me diz e eu repito a qualquer pessoa é: “Pra prosseguir no caminho que escolheu, seja ele qual for, é preciso estudar, batalhar e se esforçar muito! Com luta e perseverança, é possível ultrapassar os limites e alcançar os objetivos!”

Eu me chamo Dabyatã Chinaqui, mais conhecido como Dabyh. Tenho 22 anos. Sou autista. Sou jornalista. Este foi o “Inspire-se” de hoje.