Vacina da dengue é testada em humanos

Foram iniciados em Porto Alegre (RS) os testes em humanos da primeira vacina brasileira contra a dengue, desenvolvida pelo Instituto Butantan, um dos maiores centros de pesquisa biomédica do mundo.
“Para vírus não existem antibióticos, então o caminho é a vacina. O que mais avançou no mundo para melhorar a saúde e a longevidade das pessoas foi água limpa, vacina e antibióticos. Contra a dengue já temos a vacina pronta, estamos na ultima fase, precisamos fazê-la em doze estados, e aqui em Porto Alegre estamos iniciando hoje, no hospital da PUC”, explicou o Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Cerca de mil porto alegrenses de 18 a 59 anos devem participar voluntariamente do estudo, que integra a terceira e última etapa de testes antes de a vacina ser submetida à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que possa ser produzida em larga escala pelo Butantan e disponibilizada para campanhas de imunização em massa na rede pública de saúde em todo o Brasil.
“A vacina até agora foi muito bem, tem altíssima imunização contra os quatro tipos de vírus, e em uma dose só. Será a primeira de apenas uma no mundo. Isso terá impacto em todos os países tropicais e subtropicais. É uma grande conquista cientifica do Instituto Butantan de São Paulo”, afirmou.
O estudo na capital gaúcha conta com um diferencial. O centro de pesquisa realizará as testagens apenas em adultos de 18 a 59 anos, pois realizará um subestudo de consistência da resposta imune entre os diferentes lotes da vacina. Este será o único entre os 14 centros a realizar este procedimento.
O Rio Grande do Sul será o único Estado da região Sul a receber os testes clínicos da vacina. As testagens já estão em andamento em Manaus (AM), Boa Vista (RR) e Porto Velho (RO) na região Norte, em mais dois centros no Estado de São Paulo (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto) e em um centro de pesquisas de Fortaleza (CE).
Com isso, os ensaios clínicos estarão em andamento em sete dos 14 centros de pesquisa credenciados pelo Butantan para a realização dos estudos.
Ao todo, os testes envolverão 17 mil voluntários em 13 cidades nas cinco regiões do Brasil. São convidadas a participar do estudo pessoas saudáveis, que já tiveram ou não dengue em algum momento da vida e que se enquadrem em três faixas etárias: 2 a 6 anos, 7 a 17 anos e 18 a 59 anos. Os participantes do estudo são acompanhados pela equipe médica por um período de cinco anos para verificar a duração da proteção oferecida pela vacina.

Vacina

A vacina do Butantan, desenvolvida em parceria com os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês), é produzida com vírus vivos, mas geneticamente atenuados, isto é, enfraquecidos.
Nesta última etapa da pesquisa, os estudos visam comprovar a eficácia da vacina. Do total de voluntários, 2/3 receberão a vacina e 1/3 receberá placebo, uma substância com as mesmas características da vacina, mas sem os vírus, ou seja, sem efeito. Nem a equipe médica nem os participantes saberão quais voluntários receberam a vacina e quais receberam o placebo.
O objetivo é descobrir, mais à frente, a partir de exames coletados dos voluntários, se quem tomou a vacina ficou protegido e quem tomou o placebo contraiu a doença.
Os dados disponíveis até agora das duas primeiras fases indicam que a vacina é segura, que induz o organismo a produzir anticorpos de maneira equilibrada contra os quatro vírus da dengue e que é potencialmente eficaz.

Imagens: Divulgação
  • Cerca de mil porto alegrenses de 18 a 59 anos devem participar voluntariamente do estudo