Nossa Terra Nossa Gente : As páginas de história de Altair Fernandes: Crônicas de uma cidade princesa
Sempre tive uma fascinação enorme por jornais. Por isso, assim que chegamos a Pindamonhangaba (2009), fui à banca do Largo São José indagar sobre a existência do jornal local. A “Tribuna do Norte” estava ao lado da “Folha de São Paulo” e do “Estadão”. Seu Romão, o proprietário, deu-me as primeiras informações sobre o periódico, naquela época, bissemanal. Fizemos um acordo de ele guardar os exemplares para mim e, religiosamente, às terças e sextas-feiras, ia buscá-los.
As notícias veiculadas na Tribuna do Norte apresentavam-me a “Cidade Princesa”, os eventos artísticos, esportivos, culturais e, de modo especial, a história de Pindamonhangaba. A coluna “Páginas de História: crônicas de uma cidade princesa ”abriram-me portas e janelas dos palacetes e casarões dos barões do café que aqui se estabeleceram, apresentaram-me uma seleta literatura de poetas e escritores pindamonhangabenses e, também, curiosidades veiculadas na própria Tribuna ou em extintos jornais locais.
Inicialmente, os recortes dessas crônicas ganharam uma gaveta do meu arquivo; com o tempo, foram guardados em diversas pastas e, por fim, tornaram-se um valioso acervo de minha biblioteca. Altair Fernandes, o autor dos artigos de minha preciosa hemeroteca, só fui conhecer pessoalmente em 2012, na Academia Pindamonhangabense de Letras. Poetas que somos, apaixonados pela história de Pindamonhangaba, tornamo-nos grandes amigos.
Jornalista da Tribuna do Norte desde 1986, Altair frequentemente redigia artigos sobre a história de Pindamonhangaba, entretanto, a reunião deles numa coluna semanal de página inteira colorida deu-se no ano do Tricentenário de Pindamonhangaba (2005) e permanece até nossos dias, atualmente veiculada às quintas-feiras.
O valor de seu trabalho em prol da memória e da história da sua cidade natal, lhe valeram o notório reconhecimento do Instituto de Estudos Valeparaibanos com a entrega da Distinção Cultural “Paulo Camilher Florençano” (2009), a outorga da Câmara Municipal de Pindamonhangaba com a 1ª Comenda de Mérito “Athayde Marcondes” (2013) e, também Cartão de Prata da APL-Academia Pindamonhangabense de Letras (2013).
Altair Fernandes pensa em publicar uma seleção de suas crônicas e escrever a história da Tribuna do Norte, órgão nascido nos tempos imperiais (1882); em antiguidade é o primeiro periódico do interior paulista e de todos os outros estados; o segundo do Estado de São Paulo e o sexto do Brasil, dados que corroboram para enfatizar a Tribuna do Norte como patrimônio histórico de Pindamonhangaba e da imprensa de nosso país!
Ao imaginar seus livros nas estantes das escolas e bibliotecas brasileiras, confesso que uma alegria indescritível invade meu campo de sonhos e, eu, assim como muitos leitores da Tribuna do Norte, antevejo a obra de Altair Fernandes como um frondoso carvalho (árvore do gênero Quercus, que em celta significa quer + kuez “árvore nobre”), de folhas verde-azuladas, onde os pássaros constroem seus ninhos e, crianças e jovens, adultos e velhos, sentam-se à sua sombra para aprender e ensinar, uns aos outros, as histórias de nossa terra e de nossa gente.