Editorial : 31% das mortes atribuídas ao fumo ocorrem em crianças
Ninguém está 100% seguro sobre o amanhã. Nem os que possuem muita saúde, praticam exercícios físicos e levam uma vida regrada.
Se nem eles estão a salvo, imagine o fumante. Pense naquela pessoa que entope o organismo com mais de 4,7 mil substâncias venenosas do cigarro. Pois é, vida curta e tendência de final sofrível.
De acordo com a OMS – Organização Mundial da Saúde – o tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo. Segundo o presidente da Socesp – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, dr. Ibraim Masciarelli Pinto, embora a sociedade e a indústria contribuam para a existência do tabagismo, de um modo geral, a responsabilidade de abandonar o vício é do fumante, que além ser prejudicial para saúde, principalmente do coração, prejudica também os cofres públicos.
“É imensa a responsabilidade dos fumantes, quanto ao esforço para abandonar um vício letal e muito prejudicial às suas famílias, à sociedade e ao nosso país, que gasta cerca de R$ 20 bilhões por ano para tratar doenças provocadas pelo tabagismo”, afirma.
Em todo o planeta, há cerca de dois bilhões de fumantes. “Se não forem tomadas providências, que dependem principalmente da consciência das pessoas, a epidemia será crescente e causará a morte de oito milhões de pessoas a cada ano até 2030”, alerta o cardiologista. “As preocupantes estatísticas da OMS”, ressalta o médico, “têm congruência com a realidade do Brasil, onde 10,8% dos habitantes, ou aproximadamente 22 milhões de indivíduos, são viciados em tabaco”.
O Dia Mundial Sem Tabaco, lembrado anualmente no dia 31 de maio, foi criado em 1987 pela OMS como marco na luta contra o grave problema, considerado uma epidemia global. “O fumo mata seis milhões de seres humanos por ano, 600 mil deles fumantes passivos, ou seja, atingidos involuntariamente pela fumaça expelida pelos viciados”, observa o presidente da Socesp, acrescentando: “O mais grave é que 31% das mortes atribuídas ao fumo passivo ocorrem em crianças, vítimas inocentes de um hábito insensato dos adultos”.
O cardiologista ainda lembra que desde 2011, está em vigor a Lei Antifumo (nº 12.546/11), que proíbe a prática em locais públicos fechados, como ambientes de trabalho, transportes coletivos, shopping centers, restaurantes etc. “No entanto, muito mais eficaz do que a legislação é o despertar da consciência. Um exemplo da importância da mudança de comportamento é o fato de 40% das crianças, em todo o mundo, estarem expostas ao fumo passivo em suas próprias casas, nas quais as pessoas são soberanas para tomar decisões”, pondera o médico.
E é nisso que temos que pensar, na nossa responsabilidade. Não apenas deixando o cigarro, mas, sobretudo, no exemplo e na educação: fumar, NÃO!