NO LIVRO DA VIDA DE LUCIANO RICARDO MARCONDES DA SILVA, A PESQUISA E A ESCRITA HISTÓRICA

Ao entardecer do último dia de abril,o Profº. Drº. Luciano Ricardo Marcondes da Silva me recebeu em sua chácara no Jardim Bela Vista. Entre a cantoria de pássaros, iniciamos nossa entrevista num lugar especial de sua casa: o seu escritório. Desde que aposentou das atividades administrativas e acadêmicas na Universidade de Taubaté, esse tem sido o seu “ateliê”de pesquisa sobre a genealogia de sua família (Assis, César Salgado, Chiaradia e Marcondes da Silva) e, também, de nossa Pindamonhangaba!
Na sua biblioteca, obras de extraordinária riqueza e, entre títulos raros e autores consagrados, contemplo a obra mais valiosa de seu acervo – o livro de sua vida -, e, sem que nos déssemos conta, antes mesmo de iniciarmosa entrevista, as páginas de sua história estavam sendo narradas pelos pequenos “souvenirs” de suas viagens dispostos nas estantes, nos porta-retratos da belíssima família que constituiu ao lado da esposa Sandra, das filhas Patrícia, Luciana e Alessandra, dos oito netos e, por ora, dois bisnetos.
Filho de Sebastião Marcondes da Silva e Hilda César Marcondes da Silva, o ofício de pesquisar nasceucom ele. Graduado em Agronomia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, antesde finalizar os estudos, definiu seu caminho no magistério superior. Para isso, concluiu o mestrado em Zootecnia na Universidade Federal de Minas Gerais e odoutorado em Biologia Genética no Instituto de Biociências da USP.
No capítulo dedicado à sua atuação profissional, é imprescindível ressaltar as quatro décadas (1981 – 2017) de seu trabalho na docência e na gestão da Universidade de Taubaté (Professor Titular de Melhoramento Genético Animal, Chefe de Departamento das Ciências Agrárias, Pró-reitor de Economia e Finanças, Vice-reitor e Ouvidor) e, de modo especial, a sua revolucionária administração do Haras Paulista (1978 – 1998).
No Haras Paulista, pesquisou a história das chefias desde a sua fundação (1911); ajardinou, edificou praças e reformou a casa em que Geraldo Alckmin nasceu; valorizou o trabalho de pesquisadores e encarregados de área; implantou o Gabinete Odontológico e os serviços de Psicologia e Assistência Social destinados aos funcionários, aposentados e familiares; implementou o grupo de compras comunitário reduzindo custos em até 50%; elevou a produção do leite bovino chegando atingir 76 mil litros/mês; no período da colheita do sorgo, diuturnamente havia produção da silagem; introduziu a criação de ovelhas; em parceria com a Sabesp, canalizou água para os imóveis da fazenda; franquiou a represa para o treinamento da Equipe de Canoagem de Pindamonhangaba.
De espírito empreendedor, por onde esteve Luciano deixou um rastro indelével de seu trabalho exemplar. Chega um momento na existência em que cada sujeito assume sua história, suas escolhas e suas heranças. Nesse novo ciclo, o professor e pesquisador está deveras feliz: ingressará na Academia Pindamonhangabense de Letras, instituição idealizada por sua mãe em 1962 em parceria com Dr. Paulo Emílio D’Alessandro e Aníbal Leite de Abreu.
“Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam”, nos diz Saramago. É vero! Nestes 72 anos de existência, os livros sempre ocuparam lugar de honra nas estantes do seu coração. Que suas atuais pesquisas, Luciano, abram um novo capítulo no livro de sua vida: a de escritor. E que as obras de sua autoria nos propiciem novos olhares sobre a história de nossa terra, de nossa gente e, de modo especial, de seus diletos antepassados.