Editorial : Mercado e grandes instituições reagem bem às novas medidas econômicas
Não adianta fugir do tema. Aliás, nem deve. Bastou o ‘novo Governo’ anunciar as medidas econômicas, na terça-feira (24), que o assunto tomou conta do país.
Parcialmente dividido entre os que são contra as ações e os que são favoráveis, porém todos otimistas, apesar de certas informações bastante duvidosas e controversas, o Brasil vive, neste momento, um baita problema.
Nesta ‘separação’ entre os que são contrários e favoráveis, ao menos no mercado financeiro – que não nos leve a mal os que estão criticando as medidas – esboçou uma reação positiva.
Dentre as instituições que também apoiaram as iniciativas governamentais, a Fecomércio–SP – Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paul – foi uma das primeiras a se manifestar.
De acordo com a instituição, a principal delas envolve o estabelecimento de um teto para o crescimento dos gastos públicos igual à inflação do ano anterior. Isso garantiria a estabilização das despesas primárias em relação ao PIB – Produto Interno Bruto, e até a redução dessa proporção diante de uma eventual retomada do crescimento.
A expressão de ordem do novo Governo tem sido a necessidade de se restabelecer a confiança de consumidores, empresários e investidores, a qual, por sua vez, está relacionada à capacidade da nova equipe de garantir a sustentabilidade da dívida pública.
Segundo a Federação, ainda que de forma incipiente, os indicadores de confiança parecem estar respondendo positivamente ao desfecho da crise política. O Índice de Confiança do Consumidor da Fecomércio/SP, por exemplo, subiu de 87,7 pontos em abril para 90,9 pontos em maio. Apesar da queda no componente que mede a avaliação em relação às condições econômicas atuais (que recuou 8,7% em maio e atingiu 47,4 pontos, o menor valor da série histórica), o índice de expectativas subiu 7,5% no mês e chegou a 119,9 pontos, o maior valor desde novembro do ano passado.
Os indicadores variam de 0 a 200 pontos, sendo que valores acima de 100 indicam otimismo por parte dos consumidores. Ou seja, embora pessimistas em relação às condições econômicas atuais – reflexo da inflação elevada, dos juros altos e do aumento do desemprego -, cresceu o otimismo a respeito do futuro.
Outro ponto importante observado pela Federação é o comportamento semelhante que vem sendo observado entre os empresários do comércio. Embora a avaliação das condições atuais tenha ficado em 38,9 pontos em abril – último dado disponível -, o índice que mede as expectativas atingiu 117,4 pontos no mês, o maior valor desde julho de 2015.
Para a Fecomércio, a retomada consistente da confiança é fundamental para o crescimento do consumo e dos investimentos, porém, depende principalmente da aprovação do teto para os gastos públicos no Congresso, bem como do avanço em outras medidas como a reforma da previdência, a modernização das leis trabalhistas e a retomada das concessões.
Ainda há muito desdobramento econômico nas propostas do Governo, algumas, é bem verdade, utópicas, porém já é alguma coisa. O próximo passo é brigar no Congresso para colocar em votação – o que deverá ser fácil para o Governo.
Quanto ao povo, nada mais resta, a não ser esperança de que a situação possa mudar para melhor. Estamos confiantes.