Vanguarda Literária : NICOLÁS GUILLÉN: O MAIOR POETA CUBANO
NICOLÁS CRISTÓBAL GUILLÉN BATISTA, nascido em 10/7/1902 em Camaraguay (Cuba) , considerado o poeta de todas as latitudes, o
“Poeta da totalidade cubana” foi um brilhante escritor que, com seu canto de amor e de lutas, moldou a sua palavra forte às necessidades de sua Pátria no momento histórico que antecedeu a Revolução que tirou do poder o sanguinário ditador Fulgêncio Batista em 1959. É o maior poeta contemporâneo da “ilha rebelde” .
Na sua Poesia, esse filho de jornalista, orador brilhante, portador de uma sensibilidade ímpar, cantou Cuba com a beleza multicor do lirismo, por carregar consigo o espírito revolucionário de seu povo, com fortes tons sociais, contestando o imperialismo e a corrupção governamental vigente na sua época. Dessa maneira, podemos compreender a sua entrega total à causa da Revolução Cubana, como homem, escritor e cidadão, a exemplo dos louvados José Marti e José Maria Heredia. Sua essência poética não se circunscreve somente a Cuba. Ele foi longe com os seus méritos de grande poeta e escritor! Publicou mais de duas dezenas de livros entre eles: Motivos de Som (1930), Songoro e Consongo (1931),Três Mortes Espanholas (1946), Poesias (1962),Tenho (1964) e Sol de Domingo (1982). Foi fundador e editor de várias revistas literárias. Em 1960, criou a Fundação da União dos Escritores e Artistas de Cuba, da qual foi presidente até a sua morte em Havana no ano de 1989.
Viajou pelo México, América do Sul (esteve no Brasil) e travou conhecimento com artistas do porte de Diego Rivera, Pablo Neruda e Otávio Paz. Conheceu também Garcia Lorca e o poeta negro norte-americano Langston Hughes, cuja amizade e influência o marcaram muito, daí entendermos que ele mistura uma linguagem moderna com a luta social e a luta dos negros do seu país. Pouco conhecido no Brasil, vale a pena ler o belo livro Songoro e Cosango, traduzido em 1985 para a Editora Philobiblion pelo escritor Thiago de Melo, livro este, que tive a oportunidade de ler na Biblioteca Mário de Andrade de São Paulo. Apreciemos esse pequeno trecho antológico da poesia entitulada “BURGUESES”:
Não me dão pena os burgueses vencidos,
E quando penso que vão dar-me pena,
Aperto bem os dentes e fecho bem os olhos.
Penso nos meus longos dias sem sapatos nem rosas.
Penso nos meus longos dias sem abrigos nem nuvens.
Penso nos meus longos dias sem camisas nem sonhos,
Penso nos meus longos dias com minha pele proibida.
Penso em meus longos dias.
Eis GUILLÉN, um belo exemplo de vida dedicada à Pátria, à Cultura, e à exaltação do negro e da verdadeira poesia!