História : A Tribuna na rua dos Bentos – mudanças significativas em 1986
Encerrando o mês de aniversário do jornal Tribuna do Norte (11/6/1882 – 11/6/2019), relembraremos um dos períodos em que este órgão da imprensa interiorana experimentou maior progresso em sua existência secular: A Tribuna na rua dos Bentos!
Isso só foi possível graças ao interesse e à atuação insistente e devotada do, na época prefeito de Pindamonhangaba (gestão 1983/1988), João Bosco Nogueira, um amigo da imprensa, com especial carinho pela Tribuna.
O adeus aos porões
O editorial da edição de 27/3/1986 trazia as boas novas para seus leitores e para o próprio jornal. Anunciava a mudança da redação e oficinas do jornal Tribuna do Norte dos porões da Prefeitura (avenida Deputado Claro Cesar, 33 – centro) para amplas e bem arejadas instalações em prédio localizado do outro lado da cidade. O novo local de trabalho seria a rua dos Bentos, 450, Alto do Cardoso.
Nos porões da Prefeitura a edição do dia 27/3/1986 foi a derradeira, na qual assim registrou o editorialista, “composta no abençoado porão da Prefeitura, onde mãos ficaram com mais calos, os olhos mais cansados, o semblante mais tenso, não raras vezes varando noite a dentro, tudo para dar ao público o semanário secular”.
Não havia ingratidão na partida, o que pode ser constatado naquilo que registrou o artigo de despedida:
“O velho porão que ficará como repositório do trabalho de tantos, como lembrança e saudade de muitos, por certo estará apto a receber novo setor da Municipalidade e, como sempre, oferecer dignidade e moral…
Tribuna do Norte, por seu Conselho de Administração, agradece aos prefeitos que ofereceram, por lei, um local para que suas máquinas não parassem e nem ficassem sem emprego vários chefes de famílias e nem fosse interrompido a marcha ascensional deste jornal que é um patrimônio de Pindamonhangaba, de São Paulo e do Brasil, extrapolando fronteira, porque nasceu com a estrela que leva à trilha da vitória.”
Depois daquela edição que por motivo dos feriados da Semana Santa saiu numa quinta-feira, a próxima só saiu no sábado, 12 de abril de 1986, data que marcou a primeira edição em casa nova e em nova fase. O período sem ir às bancas, aproveitando os feriados santos, foi necessário para a mudança e instalação no novo local.
Diário Tribuna do Norte
Se a notícia referente a melhores acomodações para funcionamento já era excelente, mais ainda foi sobre a nova periodicidade, até então semanal, a Tribuna passava pela primeira vez a jornal diário.
E a edição de 12 de abril, com a tarja “diário” identificando sua nova condição de periodicidade, saiu com a manchete: “Tribuna, agora um jornal diário”. A matéria que abriu a página, com fotos da fachada e do interior do prédio, destacava os 104 anos de existência do jornal, a conquista e a importância da Fundação Dr. João Romeiro na sua sobrevivência. Tecia agradecimentos àqueles que até então vinham colaborando para que o jornal não perecesse, em especial aos colaboradores que representavam a indústria, comércio e agricultura. Fazia alusão ao fato do município, com uma população de 100 habitantes, e em pleno desenvolvimento, necessitar de um jornal diário para divulgar o dia a dia. Também a presença do pindamonhangabense dr. Geraldo Alckmin, na época na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, era citada como motivo de incentivo para a nova fase a fim de se noticiar mais as conquistas relacionadas ao município.
A Tribuna com mais espaço, tanto no sentido das acomodações dos funcionários e equipamentos quanto naquilo que dizia respeito à produção jornalística, mereceu em sua edição primeira como diário, uma mensagem do prefeito João Bosco, que muito interessava pela evolução do jornal:
“Quando a veneranda Tribuna do Norte, com 104 anos de existência, se transforma num jornal Diário, justo é que se cumprimente os responsáveis por essa nova empreitada e se reverencie tantos que por muito tempo souberam levar adiante o ideal e de João Romeiro.”
A Tribuna na rua dos Bentos
Naquele mesmo dia 12, à noite, foi oficialmente inaugurada a nova fase da Tribuna. Na solenidade, que contou com a presença de diversas autoridades locais, estiveram com a palavra o prefeito João Bosco (responsável pela mudança), o presidente da Fundação Dr. João Romeiro, dr. Francisco Piorino Filho, e o historiador Dr. Ângelo Paz da Silva.
O novo prédio, cujas instalações foram naquela noite pelo cônego José Maria Guimarães Alves, contava com cinco linotipos (sendo uma especialmente para composição de títulos), três impressoras (incluindo uma de origem alemã denominada Frankenthal, a mais ágil das máquinas ali instaladas), e uma equipe de profissionais formada por repórteres, linotipistas, impressores, paginadores e revisores.
A Tribuna e a Agência Estado
Quatro meses após as significativas mudanças que haviam ocorrido em favor do jornal com a aquisição de novos equipamentos, a mudança para novas e amplas instalações e a evolução em sua periodicidade, a Tribuna anunciava em primeira página (edição de 2/8/1986) outra notícia positiva quanto à evolução do jornal: a Fundação Dr. João Romeiro havia assinado contrato com a Agência Estado (jornal O Estado de São Paulo).
Por conta desse contrato, um telex instalado na redação da Tribuna, com ligação direta com a Agência, permitiria o recebimento de notícias referentes aos principais acontecimentos do país e exterior (política, economia, agropecuária, esportes, polícia, ciências, tecnologia, cultura, educação etc.). Do material recebido diariamente, as notícias consideradas de maior interesse para o leitor seriam publicadas na edição em fechamento, que circularia na manhã seguinte. Uma divulgação simultânea com jornais do porte da Folha de São Paulo, Estadão, O Globo e Jornal do Brasil.
A nova conquista da Tribuna foi comentada no editorial daquela edição como sendo um privilégio, pois no Vale do Paraíba apenas jornais de São José dos Campos contavam com tal sistema que permitia a divulgação dos fatos com maior imediatismo.
O noticiário da Agência Estado começou a ser utilizado na edição de 6/8/1986. Nas edições posteriores, com a denominação “Panorama”, a Tribuna passou a divulgar o noticiário da Agência Estado de forma mais compactada, em notinhas. As notícias recebidas eram selecionadas em assuntos diversos, “penteadas”, resumidas e adotava-se títulos, de preferência, com uma só palavra.
Na realidade, o jornal, embora dispusesse do recurso da Agência, não descuidava em manter a sua ideologia de dar prioridade à divulgação de acontecimentos locais. Com o tempo, o recurso das notícias recebidas via telex já não era utilizado em todas as edições. Folheando as encadernações do arquivo TN, verificamos que o noticiário enviado pela Agência Estado foi utilizado pela derradeira vez na edição que foi às bancas no dia 2/10/1987.
Em 1988 – O fim do jornal diário
A partir da edição de 7 de janeiro de 1989, por decisão da administração municipal Vito Ardito Lerario, governo que assumia a Prefeitura para o mandato 1988/1992, a Tribuna retornou à periodicidade semanal, saindo aos sábados com oito páginas.
O jornal retomou a sua condição de diário 25 anos depois, em 2014, também na administração Vito Ardito Lerario, quando já ocupava as atuais instalações na praça Barão do Rio Branco, 25 – centro.