Nossa Terra Nossa Gente : O JARDIM DE MARINA
Mar, Marina, imensidão. Assim eu defino Marina das Graças Furtado, mineira de São Gonçalo do Sapucaí que, em 1970, veio para Pindamonhangaba e aqui trabalhou, criou seu único filho e se estabeleceu. Nestas cinco décadas, fez grandes amigos, constituiu uma nova família com “pais, irmãos, tios e filhos do coração” e, na pequena varanda de sua casa, cultivou um extraordinário jardim.
Toda vez em que passo por sua rua, suas plantas me chamam para um dedo de prosa. Fico encantada com a beleza do conjunto e a variedade das espécies cultivadas num espaço tão diminuto: 5 m². As flores de seus gerânios e de sua primavera saltam pelo vão da grade e pintam de diferentes tons de rosa a rua José da Silva Andrade. Entre samambaias, avencas, rendas portuguesas e árvore da felicidade, florescem as orquídeas e os lírios da paz, os copos-de-leite e as flores-de-maio, as lavandas e as alfazemas, as petúnias e os gerânios pendentes, as rosas e as kalanchoes. E, para minha surpresa, em vasos suspensos ou apoiados em pequenas bancadas, está sua horta de salsinha, cebolinha, alface, couve, alecrim e rúcula. Isto sem mencionar a gruta de pedrinhas brancas dedicada à Nossa Senhora de Lourdes e à Santa Bernadete, que anuncia aos transeuntes que esse santuário de plantas é sagrado e consagrado a Deus.
De tanto apreciar a beleza desse jardim, um dia tomei coragem, bati palma e chamei: “Ô de casa!”. Lá de dentro daquela “casinha de boneca”, saiu uma senhora de olhos cor de mel e de alma dulcíssima. Elogiei seu capricho com o jardim, e ela, de coração festivo, abriu o portão, convidou-me a entrar e, como boa mineira, foi enredando-me com a história de suas plantas. Uma história puxava outra, que puxava outra, que não tinha fim… Como a imensidão do amor de Marina por suas flores, seus vasos, suas verduras! Esse amor, disse-me ela, vem da infância: sua mãe dava-lhe uma flor para brincar e ela, menina de colo, não a despetalava. Respeito? Outro ingrediente secreto com que Marina cuida de seu jardim, além da rega diária, das podas necessárias, da transferência das mudas e do cuidado com a sombra e o sol forte.
Aos que desejarem cultivar plantas, flores ou verduras, vale a dica: no jardim de Marina, à nossa disposição, estão as sementes de seu amor à Natureza. Graça divina com que Marina foi abençoada e que ela reparte com a neta e os bisnetos, os vizinhos, os amigos, a grande família que constituiu em nossa terra, entre nossa gente. Aos que por lá passarem, não percam tempo: parem, apreciem, batam palma e chamem: “Ô de casa!”. Se uma senhora de olhos da cor de mel e de alma dulcíssima vier ao portão, alegre-se: é Marina das Graças Furtado, flor que se encontra no santuário de todas as flores que desabrocham à beira de nossos caminhos e que perfumam nossa existência para sempre.