História : Explosão e labaredas abalaram o santuário no início do século XX
Trágico acontecimento se deu há 117 anos e deixou em pânico os fiéis que se encontravam no interior do templo
Em sua edição de 11 de junho de 1902, o jornal Tribuna do Norte divulga o ocorrido, revelando que acontecera quando a paróquia de Nossa Senhora do Bom Sucesso celebrava o “Mês Mariano”. Era uma das noites de festividades de maio. Os fiéis lotavam a igreja quando ocorreu o sinistro: o depósito de gás acetileno explodiu, produzindo enormes labaredas. A notícia correu de boca em boca, se alastrando feito as próprias chamas lá no depósito. Estabeleceu-se o pânico, a confusão…
Segundo o redator da Tribuna: “Diversas senhoras que corriam pressurosas, levaram tremendas quedas, sendo pisadas por outras que também fugiam cheias de pavor. Muitas crianças que gritavam desesperadamente, foram machucadas e sofreram pequenas contusões”.
A intervenção policial é comentada como um agravante diante do ocorrido. “A polícia, supondo que se tratava de um enorme rolo dentro da igreja, trilou os apitos, e a confusão e o barulho tomaram proporções assustadoras”.
Conta o articulista que os policiais se posicionaram nas portas laterais da Matriz, na tentativa de impedir que mais pessoas entrassem na igreja, mas não foram obedecidos. Preocupados, cidadãos invadiam o templo para acudir um filho, um irmão, a esposa ou parente.
No interior da igreja, a confusão se generalizava. “O vigário Vicente Passos, do altar mor, procurava acalmar tão grande barulho, a confusão aumentava cada vez mais”. Enquanto isso, na rua, “pessoas mais calmas dominavam o fogo, que não era tão grande como se supunha, sendo extinto sem o menor perigo”.
A Tribuna conclui a divulgação desse nefasto acontecimento ressaltando que: “Afinal tudo acabou sem ter havido desastre de maior importância e as pessoas que perderam a calma sofreram simplesmente um respeitável susto. Ainda bem.”
As festividades à Maria
Por um bom tempo o incêndio na igreja deve ter sido assunto mais comentado entre o povo da pacata Pindamonhangaba do início do século XX. Entretanto, na mesma edição, o jornal foca o lado positivo do evento católico daquele evento divulgando notas referentes ao encerramento das festividades:
“Na procissão de encerramento da festa vinha debaixo do pálio o cônego J. Fonseca acolitado pelos padres Vicente Passos e Ge-bardo Wiggermann…
“Acompanhava a procissão, que foi muito bem dirigida pelo mestre de cerimônias Antônio César Miné, a excelente Banda Euterpe, garbosamente fardada e dirigida pelo João Antônio Romão…
“Dez praças do Corpo de Polícia. Comandados pelo sargento Antônio Macedo, faziam a guarda da procissão…”
“Terminada as festas religiosas, seguiu-se animado leilão. O leiloeiro Manoel do Pinhão fez as delícias do ‘Zé Povinho’ que, como sempre, aplaudia suas pilhérias engraçadas…
“Assim terminaram as festas do Mês Mariano, uma das mais belas e deslumbrantes que temos assistido nesta cidade.”