História : O histórico presépio de Zé Santeiro
A página de história de hoje, alusiva às festividades do Natal, homenageia o inesquecível artesão maior de Pindamonhangaba: José Soares Ferreira, Zé Santeiro, o querido artista ‘Zé Santeiro’, que encerrou sua missão terrena no início de julho deste ano.
Do muito que as abençoadas mãos desse artista, que também foi servidor municipal, moldou, esculpiu, criou, aperfeiçou e zelou em favor da arte e cultura deste município, uma lembrança maior nos vem à lembrança neste mês de dezembro: “o histórico presépio do jardim da cascata da praça Monsenhor Marcondes”. Além de autor das peças que expressam o nascimento de Cristo, também era responsável pela manutenção delas ao longo dos anos. Em homenagem a ele relembremos a origem desse presépio…
A origem
Tradição cultural e religiosa nos iluminados e festivos dias dezembrinos, essa representação da noite do Nascimento de Jesus Cristo começou a ser montada na praça em 1964. Naquele ano, a professora Julieta Reale Vieira e as amigas Aparecida Badaró e Isaltina Mota, conversando sobre a origem do presépio, começaram a imaginar o sucesso que faria a montagem de um no jardim da cascata.
A ideia era excelente, mas era preciso colocá-la em prática. Foram à prefeitura, compartilhá-la com o prefeito dr. Francisco Romano, católico praticante e muito amigo delas. Aconteceu de não encontrarem o prefeito, que viajara a serviço deixando em seu lugar o vice, major Agnello Lacerda, um seguidor da doutrina espírita (Allan Kardec).
O vice acatou de imediato a ideia do presépio na praça. Para dar início ao projeto, acionou o secretário de Planejamento, Paulo de Andrade, membro da igreja evangélica. Estava dado o primeiro passo que, curiosamente, contara com uma ecumênica boa vontade, pois envolvera autoridades municipais de três religiões distintas: católica, espírita e evangélica. A próxima etapa foi planejar a confecção das figuras representativas do presépio.
Havia na cidade, talentoso artesão na arte de confeccionar imagens de santos e peças em argila, cerâmica e gesso. Chamava-se José Soares Ferreira, era mais conhecido como Zé Santeiro. Trabalhava em um bar que ficava no início da rua dos Expedicionários, o bar do Gonçalo. Local onde o prefeito Chico Romano costumava aparecer para o cafezinho e o bate-papo. Num desses bate-papos o assunto foi a montagem do presépio na praça. O Gonçalo falou logo da experiência do Zé na arte de fazer “santo”. Ali mesmo o prefeito combinou com o empregado do Gonçalo a feitura das peças: Menino Jesus, José, Maria, reis magos, etc.
Zé Santeiro colocou as mãos na massa. As figuras foram confeccionadas em gesso e depois pintadas com muito esmero. As imagens que representam a figura humana, com altura média de 70 centímetros. Todas as peças foram confeccionadas com dimensões proporcionais no que diz respeito à perspectiva. Como se o artista modelasse as figuras sobre um plano tais como se apresentassem à sua visão.
A primeira montagem
Em três meses ficaram prontas. A inauguração do presépio ocorreu na noite de 24 de dezembro de 1964, com missa na praça. O celebrante foi o monsenhor João José de Azevedo, o padre João, auxiliado pelo sacristão Guilherme Ribeiro (que também foi funcionário da prefeitura).
A partir daquele ano, Zé Santeiro, mesmo não sendo funcionário municipal, tomou para si a responsabilidade de todo mês de dezembro orientar a montagem do presépio, a disposição das peças. Além disso, fazia questão de zelar por elas de janeiro a novembro, para que não fossem danificadas.
Somente em 1970, na administração do Dr. Caio Gomes Figueiredo, Zé Santeiro foi admitido na Prefeitura. Então pôde não só cuidar melhor do presépio como produzir inúmeras outras obras para o município. Em 1995, ano em que o presépio foi armado pela 31ª vez, chegou a aposentadoria do Zé, mas ele continuou orientando na montagem.
a casinha do presépio
No presépio, além das imprescíndiveis figuras, destaca-se o abrigo, palco e cenário onde é representado o quadro do nascimento. Trabalho artístico à base de materiais rústicos, na época colhidos junto à natureza (bambu, sapé, eucalipto, capim barba de pau). A triste lembrança, responsável pela mudança do local de instalação do presépio, são os atos de vandalismo ocorridos em 2015 e 2016, quando foi vítima de incêndio. Em 2016, o fogo na manjedoura deixou a estrutura totalmente comprometida e não houve tempo hábil pra reconstrução. Atualmente, o presépio é instalado em outra área – mais segura – da praça (próximo à fonte luminosa recentemente instalada e reinaugurada pela prefeitura).