História : Lembranças Literárias
Publicada dia 6 de outubro de 2020
Soneto
Nascer caboclo. Ter uma choupana
entre mortais, à margem de um ribeiro;
uma faca legítima “lapeana”,
boa viola, bom fumo e bom isqueiro.
Por companheira ter uma serrana
que de amor me falasse o dia inteiro;
exilado viver da gente humana,
nos cafundós do solo brasileiro.
Com uma espingarda boa – das “troxadas”
veloz cavalo e um cão – raça veadeira,
palmilhar o deserto das estradas…
-Ai! Que felicidade se eu, assim
viver pudesse uma existência inteira,
esquecido de todos e de mim!
Cesídio ambrogi, Taubaté –
Fazenda Santo Antonio, 1919
(Publicado no jornal Tribuna do Norte, edição de 2 de março de 1919)