História : A histórica presença do Exército no município de Pindamonhangaba – linha de Tiro e Corpo de Trem
Antecedendo à instalação da primeira unidade de Exército em Pindamonhangaba, o 4º Corpo de Trem, tivemos em 1917, no dia 29 de julho, conforme registra o historiador Athayde Marcondes (Pindamonhangaba Através de dois e Meio Séculos – 1922) a fundação de uma associação militar. Presidida pelo Dr. Claro Cesar, na época o prefeito, foi reconhecida pelo Ministro da Guerra e denominada Linha de Tiro 539.
Linha de Tiro 539
Segundo a imprescindível obra de Athayde, dias depois de sua fundação, essa associação militar recebeu de São Paulo, armamento, tambores e cornetas. Coube ao tenente de Exército Gastão Goulart ministrar as primeiras instruções aos soldados e no dia 28 de setembro daquele ano, o Corpo “fez suas primeiras evoluções pelas ruas da cidade.” No mês seguinte seu efetivo composto de 7 esquadras e 3 pelotões apresentou-se ao público na Praça Rio Branco ao som da Banda Euterpe.
O escritor destaca desse evento de apresentação, o discurso do estudante da Escola de Farmácia, Antonio Madureira “lembrando as recomendações do poeta Olavo Bilac, mostrando-lhes o caminho do dever do serviço da Pátria”.
A unidade Corpo de Trem
Um ano depois, no dia 19 de fevereiro de 1918, o jornal Tribuna do Norte (edição de 24/2/1918), trouxe a notícia – fato depois também confirmado na obra de Athayde Marcondes, que havia sido organizado nesta cidade o 4º Corpo de Trem do Exército Nacional. O prefeito Dr. Claro Cesar, inicialmente ofereceu como local de aquartelamento o Palacete Barão de Lessa. Prédio histórico da rua Marechal Deodoro, que passaria a ser denominado Palacete Visconde da Palmeira.
O 4º Corpo de Trem instalou-se em Pindamonhangaba sob o comando do tenente-coronel Epifânio Alves Pequeno, o primeiro comandante na história das unidades de Exército aqui aquarteladas. O efetivo do referido Corpo compunha-se de 194 homens, mas, segundo a nota na Tribuna, somente 52 achavam-se prontos, “devendo os claros ser preenchidos por sorteados, que deverão se apresentar nesta cidade até o dia 1º de março vindouro sob as penas criminais em vigor”, dizia.
Prosseguindo, o jornal Tribuna divulgava “são comandantes dos 1º e 2º esquadrões, respectivamente, o capitão Miguel Paulo Domingues de Castro e o 2º tenente Humberto da Cruz Cordeiro, este, interinamente e acumula o cargo de ajudante. É secretário interino o 2º tenente Ephifanio Alves Pequeno filho e acha interinamente exercendo as funções de 2º tenente intendente o sargento João Cavalcante de Albuquerque”.
Ainda não haviam se apresentado ao comandante Alves Pequeno, o capitão comandante do 2º esquadrão – José Raymundo Guimarães Padolha; os 1º tenentes Cândido Cruz e Oswaldo Villa Bella e Silva, 2º tenente Mário Fernandes de Almeida e o intendente Araújo Nery.
Promoções do dia
Naquele dia foram promovidos ao posto de 1º sargento: 2º sargento Miguel Bezerra da Silva, 2º José Cavalcante Vieira de Mello e o 2º sargento Olegário Marcondes; a 2º sargento: 3º sargento Felizardo Porto, 3º sargento Procópio Botelho e 3º sargento Manoel José Pereira, ficando o primeiro na função de Brigada. Também foi promovido a sargento ajudante o militar João Cavalcante de Albuquerque.
Dessa apresentação ao comando é interessante destacar a do pindamonhangabense, então 1º tenente médico, Dr. Oscar Varella Homem de Mello (facultativo ao referido Corpo de Trem), que na época pertencia 53º Batalhão de Caçadores (aquartelado em Lorena).
Apresentação de sorteados
Em seu livro “Pindamonhangaba”, no espaço dedicado ao Corpo de Trem, consta que no dia 15 de março daquele ano (conforme era então o procedimento do Exército), houve a incorporação dos sorteados para servir naquele quartel, “…assumindo nesse dia o cargo de intendente o tenente João Nery de O. Araújo”.
Registra o escritor Athayde, naquele tempo também integrante do corpo de redatores do jornal Tribuna do Norte, que organizada a unidade, o ministro da guerra requisitou a presença do tenente-coronel Epifânio Pequeno, “sendo substituído pelo coronel João Augusto Curado Fleury, que a 26 de março de 1918 assumiu o comando”.
No mês de maio seguinte, numa iniciativa do brigada João Cavalcante de Albuquerque e participação dos sargentos, foi inaugurado, no gabinete do comandante, o retrato do tenente-coronel Epifânio Pequeno, considerado o fundador do 4º Corpo de Trem de Pindamonhangaba.
A solenidade militar contou com a participação da imprensa, autoridades e demais civis. Houve discursos, canto do Hino Nacional, vivas à República, ao tenente-coronel Pequeno e ao Exército. Em pronunciamento, o sargento Epifânio Pequeno Filho agradeceu pela homenagem feita a seu pai.
Ainda com bases no autor Athayde Marcondes, em outubro desse mesmo ano de 1919 o coronel Curado Fleury foi transferido para o quadro suplementar e o comando do Corpo foi passado para o tenente-coronel Valério Barbosa que ficou até 1921, quando foi substituído pelo major Armando de Paiva Chaves.
(este assunto continua na próxima edição)