História : Beatriz, inesquecível leitora colaboradora de nossas páginas
A página de hoje é dedicada à memória de Beatriz da Cunha Péres, sobrinha-neta de Athayde Marcondes, escritor que, dentre inúmeras atuações profissionais nesta cidade, foi jornalista (articulista), diretor e também proprietário desta folha do Dr. João Romeiro.
Dona Bia, como era conhecida a assídua leitora da Tribuna e colaboradora especial de nossa página de história, morreu no último 22 de janeiro, aos 82 anos (em julho completaria 83) vitimada por problemas respiratórios. Seu corpo foi trasladado para São Paulo para cremação, conforme era seu desejo.
Alguma coisa sobre a querida Beatriz
A história de Beatriz começa quando Benedito Cunha, então morador na cidade de Cruzeiro (município também pertencente à região metropolitana do Vale do Paraíba) foi sorteado para o serviço militar (antigamente era esse o procedimento do Exército Brasileiro) e veio para Pindamonhangaba, servir no 4º Corpo de Trem (unidade que, por motivo de reformas ocorridas no Exército em 1919, passaria a denominar-se 2º Corpo de Trem). Aqui, Benedito conheceu, enamorou-se e casou-se com Astogilda. Da feliz união matrimonial nasceram duas meninas: a Gilda e depois a Beatriz (nascida a 12 de julho de 1938).
Em Pindamonhangaba, Beatriz cresceu, estudou, tornou-se a inteligente e linda jovem que se casou com o advogado Ênnio Péres, sendo seus filhos: Eduardo Péres Neto (mora em Santos), Ênnio Péres Junior (Rio de Janeiro e Pindamonhangaba) e Henrique Cunha Péres (Araçatuba).
Quando concluiu – com méritos – por aqui a missão terrena, Beatriz, que vivia atualmente na capital paulista, devido aos problemas de saúde e por conta da pandemia que se alastrava com maior gravidade por lá, tinha vindo pra Pindamonhangaba. Estava junto da sobrinha Cláudia Ruggiero (psicóloga da Delegacia de Defesa da Mulher), filha de sua irmã Gilda.
Nossa leitora Beatriz, tal qual seu esposo, também era formada em Direito, embora não atuasse na área, preferindo outras atividades profissionais.
Contribuição à pagina de história
Das contribuições de Beatriz ao resgate da rica história cultural de Pindamonhangaba, não poderíamos deixar de mencionar a referente à histórica fotografia (retrato) da garotinha de sombrinha da “Prudente de Moraes”, de autoria de Malaquias Marcondes Neto.
Quem visita o Museu Histórico e Pedagógico Dom Pedro I e Dona Leopoldina tem a oportunidade de apreciar, entre o rico e interessante acervo de ‘Fotos Antigas de Pindamonhangaba’, uma do final da rua Prudente de Moraes (começo da avenida São João Bosco) no início do século XX, com uma garotinha de sombrinha, tendo como fundo a antiga entrada da cidade para quem vinha do Rio de Janeiro.
Também reproduzida em painel na técnica pintura sobre azulejos pelo artista plástico santista, Ademir da Costa Alves, o ‘Kuka’ (1952-2017), e afixada em uma das paredes externas da biblioteca Vereador Rômulo Campos D’Arace (Bosque da Princesa), é uma imagem da Pinda antiga que se propaga graças a um retrato tirado por seu Malaquias de sua filha Astogilda, a mãe de nossa já saudosa leitora Beatriz da Cunha Péres.
Malaquias Marcondes Neto era um farmacêutico muito dedicado à arte de fotografar, na época, ‘tirar retrato’. Nascido em Pindamonhangaba em 17 de fevereiro de 1881, era filho de Benedicto Marcondes Monteiro e Ignacia Benedita de Castro. Casando-se em 31 de janeiro de 1903 com a também pinda-monhangabense Maria Augusta de Almeida, filha de Francisco Antonio de Almeida e Maria José de Almeida, teve dois filhos, a menina do retrato, Astogilda, e o menino André Martinho.
Seu Malaquias faleceu em 11 de março de 1958; sua esposa, Maria Augusta, que era professora rural e lecionava no bairro do Mandu, morreu em 25 de maio de 1963. Astogilda e Andre Martinho também já morreram.
A figueira do Alto Tabaú
Contava-nos a já saudosa Beatriz, que seu pai era proprietário de imóveis bem em frente da “Figueira do Tabaú” (início da São João Bosco). Relembrava com saudade da frondosa árvore de sua infância. De felizes momentos vividos à frondosa sobra da figueira.
O tempo passa… leva consigo memórias, lendas e causos! Leva a história que não foi registrada, só foi contada… não foi recontada. É culturalmente sensato o município que reconta, reescreve, reedita, republica reminiscências. Desde os fatos históricos de extrema importância até os causos, a lenda, o porquê das denominações de certos locais ou, simplesmente, lembranças de pontos que ficaram conhecidos pela existência de um marco, tenha ele sido construído pela mãos do homem ou pela natureza… como uma árvore, como a figueira do Tabaú, também lembrada por Beatriz!
Nota: Infelizmente , na edição de 22 de dezembro último o assunto também foi a partida de outro dos descendentes de Athayde Marcondes, o jornalista Ullysses Athayde Marcondes.