História : Relembrando o Movimento Brasileiro de Alfabetização na Pinda dos anos 70
Criado com objetivo de erradicar o analfabetismo do Brasil em dez anos, o Mobral – Movimento Brasileiro de Alfabetização propunha a alfabetização funcional de jovens e adultos, visando “conduzir a pessoa humana a adquirir técnicas de leitura, escrita e cálculo como meio de integrá-la a sua comunidade, permitindo melhores condições de vida”. Sua lei de criação (Lei n.º 5.379) data de 15/12/1967, todavia, só começou a atuar de forma concreta a partir de 1970. Foi quando firmou convênios com estados, municípios e entidades privadas, tendo como fontes de recursos 6,75% da renda líquida da Loteria Esportiva e 1% do imposto de renda das pessoas jurídicas, dispondo em 1971 de 67 milhões de cruzeiros.
Em sua edição de 11/10/1970, o jornal Tribuna do Norte traz matéria referente a esse assunto dando conta que, até o final daquele ano, pelo menos 85 municípios paulistas haviam assinado convênio com o Mobral “para a alfabetização de cerca de 130.000 pessoas situadas na faixa etária de 14 a 35 anos”. Naquele tempo, somando-se a população desses 85 municípios, entre os quais incluía-se o da capital paulista, estimava-se um total de 8,4 milhões de habitantes.
Nos municípios o Movimento atuaria de forma descentralizada, por intermédio das comissões municipais, cujos integrantes deveriam pertencer À própria comunidade, sendo encarregados do recrutamento e mobilização dos recursos humanos (alunos e alfabetizadores; físicos (salas de aula, mobiliários entre outros) e financeiros para a execução de atividades que envolviam a alfabetização e ações comunitárias. A Comissão Municipal, identificada pela sigla COMUM era subordinada à Comissão Estadual (Coest) que, por sua vez era subordinada ao Mobral Central do Rio de Janeiro, o qual estabelecia as metas e filosofia de trabalho, sendo repassadas pela Comissão Estadual aos municípios.
Pindamonhangaba adere
Pindamonhangaba reforçou o números de municípios paulistas interessados em participar da erradicação do analfabetismo no país, firmando convênio com o Mobral no dia 12 de outubro de 1970.
Feito o levantamento relacionada à população analfabeta na faixa etária mencionada e o treinamentos dos monitores, iniciaram-se os cursos. Na edição de 29/11/1970, a Tribuna informa os leitores que 30 salas de aula já estavam funcionando na zona urbana e em Moreira César, Coruputuba e Vila São Benedito. E que brevemente todos os bairros da zona rural também contariam com salas do Mobral.
No mesmo artigo havia um apelo às pessoas recenseadas (analfabetas) para que comparecessem às aulas e àquelas que já estivessem frequentando o curso para que não desistissem. Também era feito um alerta aos cidadãos alfabetizados: todos tinham como “obrigação” encaminhar analfabetos para o curso de alfabetização.
O primeiro curso em Pinda
Conforme matéria publicada na Tribuna de 28/3/1971, em Pindamonhangaba, o primeiro curso do Mobral foi realizado no período de 26 de outubro de 1970 a 10 de março de 1971, com um total de 87 dias letivos. O curso foi iniciado com 650 alunos assim distribuídos: 2 no Curso Primário Anexo, 2 no Grupo Escolar Rodrigo Romeiro, 1 no Instituto Bíblico, 4 no Grupo Escolar Eurípedes Braga, 6 no Grupo Escolar Alzira Franco, 5 no Grupo Escolar Ryoiti Yassuda, 1 no bairro de São Benedito, 3 em Coruputuba e 2 em Moreira César.
Dos 650, completaram o curso 408 alunos, 211 do sexo masculino e 197 do feminino; 120 não compareceram para prestar o exame; 105 foram reprovados pela Comissão de Avaliação; 183 obtiveram aprovação, deste número 100 do sexo masculino.
Conforme o artigo publicado na TN, o resultado foi considerado excelente pelo município, então administrado pelo prefeito Dr. Caio Gomes Figueiredo, pois uma porcentagem significativa dos 105 reprovados devido à forma rigorosa na apreciação das provas, já apresentavam “considerável índice de aproveitamento”. A previsão era que “com mais um mês de aula poderiam também se diplomar”.
A primeira diplomação
Com pronunciamento do prefeito Caio Gomes Figueiredo e de seu assessor professor Joaquim Pereira da Silva, na noite de 31 de março de 1971, uma quarta-feira, na sede da Associação Atlética Ferroviária, foi realizada a diplomação aos alunos da primeira fase do Mobral. A data teria sido escolhida pela administração municipal e pela comissão local do Mobral como forma de lembrar a Revolução de 31 de março de 1964.
Receberam diplomas alunos de 27 postos do Mobral (salas de aula) instaladas nos seguintes locais: Curso Primário Anexo (atual Escola Estadual João Martins de Almeida), postos 1 e 2; Grupo Escolar Rodrigo Romeiro, posto 3 e 4; Instituto Bíblico, posto 6; Grupo Escola Eurípedes Braga, postos 8, 9, 10 e 11; Grupo Escolar Alzira Franco, postos 12, 13, 14, 15, 16 e 17; Grupo Escolar Ryoiti Yassuda, postos 18, 19, 29, 21 e 22; Vila São Benedito (não consta o local), posto 23; Coruputuba (também não consta o local), postos 25, 26 e 27; Moreira César (não consta o local), postos 28 e 29.
As primeiras professoras
As primeiras mestras do Mobral em Pindamonhangaba e seus respectivos postos de atuação foram: Vitória Sílvia Maciel – posto 1; Sandra Maria Raimundo – posto 2; Lucinda Tavares – posto 3; Maria Ângela Gomes Azeredo – posto 4; Inácia Inês Silva – posto 6; Orminda Côrrea Leite – posto 8; Mércia Molinári – posto 9; Isaura Bastos – posto 10; Marli do Amaral – posto 11; Elisa Faria Moreira – posto 12; Lêda Maria da Cruz – posto 13; Maria Isabel Bento – posto 14; Diva Dornellas Moreira – posto 15; Marli Tavares – posto 16; Luzia Rosina Eugênio – posto 17; Rosa Lia Vendramini Buono – posto 18; Rute Maria Castro – posto 19; Maria Cirene Monteiro Teberga – posto 29; Bernadete Nóbrega Azevedo – posto 21; Maria Isaura César – posto 22; Zelita de Almeida Barbosa – posto 23; Maria Luiza de Assis – posto 25; Ana Maria Rita Gomes – posto 26; Sofia Marcondes Pereira – posto 27; Izolina Carlota B. Silva – posto 28; Dalva Maria Carlota – posto 29.