História : A Capela de Nossa Senhora Aparecida do bairro de Coruputuba
História desta edição relembra o surgimento da capela de Nossa Senhora Aparecida do bairro de Coruputuba. Uma forma de prestar homenagem à assídua leitora deste jornal, a professora Maria do Carmo dos Santos Gomes, a Carminha, que no dia 13 último encerrou sua proveitosa e dignificante passagem pelo plano terreno (ver Box nessa página). Enquanto permitiu-lhe a saúde, Carminha tinha entre suas diversas atividades e atuações em prol do município, a de zelar pela histórica edificação dedicada à Mãe Aparecida.
A promessa – a origem
Construído na antiga Fazenda Coruputuba, esse templo católico teve a sua criação associada a um dos episódios mais importantes da história da pátria e principalmente do glorioso Estado de São Paulo: a Revolução Constitucionalista de 1932.
Consta no livro tombo nº 2 da Paróquia Nossa Senhora do Bom Sucesso (pesquisa realizada pela própria Carminha, a conhecida benfeitora da região do Distrito de Moreira César), que o motivo da referida capela ter sido erigida “prende-se a um voto feito pela esposa do Dr. Cícero Prado, proprietário de fábricas de papel daquele bairro (Coruputuba), dona Maria de Lourdes da Silva, pelo qual se o exército ditatorial, Revolução de 32, não atingissem em armas tal bairro, ali seria, em agradecimento a Nossa Senhora Aparecida, erigida uma igreja, para piedade dos operários da fábrica”.
O pedido foi atendido, pois “a última trincheira paulista, estendida ao longo dos bairros de Moreira César e Taipas, Sapucaia e Piedade, não chegou a ser utilizada; a guerra cessou em Engenheiro Neiva, entre Guaratinguetá e Aparecida”. No referido registro do livro tombo nº 2, monsenhor João José de Azevedo, que era o pároco na época, fez a seguinte referência ao fato: “não era possível que a boa mãe dos brasileiros assistisse impassível a luta de irmãos em briga, passando por defronte de sua basílica”.
Nas linhas seguintes está registrado que “o último Quartel General Constitucionalista da Frente Norte foi precisamente no chalé residencial do Dr. Cícero Prado”. E que “ali se concentrou o armistício, com a reunião célebre dos generais paulistas, Andrade, Palinércio, Figueiredo e Herculano de Carvalho.”
Primeira missa
A igreja foi construída e desde 7 de janeiro de 1934 segue com seu objetivo de receber o cristão católico para “seguir ao ensinamento e à pessoa de Jesus Cristo e de Maria, dos Santos e anjos em vista do Reino de Deus”. Segundo o saudoso monsenhor João José de Azevedo, “como marco miliário da investida dos bandeirantes contra os que não quiseram a lei na pátria” (marco histórico simbolizando a luta dos paulistas em favor da Constituição).
Foi naquele 7 de janeiro que o então popular e respeitado padre João celebrou a primeira missa na capela às 9 horas, dando comunhão a mais de 100 pessoas, das quais 49 crianças “preparadas pelas virtuosas Irmãs Vicentinas fizeram a 1ª comunhão”.
Uma segunda missa foi celebrada às 10h30, sendo essa aos operários. Na celebração lembrou o pároco em sua pregação o problema do operariado daquela época, explicando como só a religião poderia resolver.
Às 5h30 da tarde foi organizada uma procissão pelas alamedas da fazenda, tendo sido acompanhada por grande número de fiéis. Em seguida, o pároco voltou a pregar, desta vez à porta da igreja.
Consta ainda nas páginas do citado livro tombo, que o Dr. Cícero Prado ofereceu a igreja para celebrações de missa e procissões aos devotos de Nossa Senhora Aparecida.
As missas nessa capela passaram a ser o compromisso dos fiéis nas manhãs domingueiras.