História : Notícias interessantes publicadas na Tribuna há 100 anos

Nesta edição relembraremos algumas notas de edições do jornal Tribuna do Norte que mereceram a atenção dos leitores deste município há cem anos…

A gincana militar

Esta encontramos na edição de 28/5/1922 e refere-se à cerimônia do juramento à bandeira pelos jovens convocados para o serviço militar servindo no 12º Regimento de Cavalaria Independente aquartelado em Pindamonhangaba.
Segundo a nota no jornal, o evento aconteceu no dia 24 de maio daquele ano. Logo após o juramento à bandeira, ocorrido ao meio-dia, assistido por militares e civis, o comandante da unidade, tenente-coronel Teodorico Florambel da Conceição, convidou a todos para a série de provas envolvendo o efetivo do quartel.
A competição, realizada no quartel, constou das seguintes provas:
1ª prova – Salto em Altura; 2ª – Salto em Extensão; 3ª – Corrida com Obstáculos; 4ª – Cabo de Guerra; 5ª – Corrida da Centopéia; 6ª – Luta de Travesseiros; 7ª – Argolinha; 8ª – Salto de Obstáculos para Sargentos; 9º – Salto de Obstáculos para Soldados e Graduados; 10ª – Quebra Poste; 11ª – Salto de Obstáculos (surpresa).
Antes de apresentar o resultado da gincana o então redator do jornal, e aqui o pitoresco da nota levando em conta o jornalismo enquanto atividade profissional, adiantou aos leitores que não havia conseguido anotar o resultado completo do final da competição. “Pela concorrência que se notava no pátio do quartel, nos foi impossível anotar os vencedores de todas as provas…”, desculpou-se.
Daquilo que conseguira, divulgava: Salto em Altura, vencedor José Clemente que saltou 1m70cm; Salto em extensão, Genésio Rodrigues com 5m40cm; Corrida com Obstáculos, Jorge de Toledo; Salto de Obstáculos para Praças e Graduados, cabo Alexandre Monteiro.
Encerrada a gincana todos se dirigiram ao salão da enfermaria, local ornamentado e preparado para um festival dançante que se realizou até as 18 horas.
Concluindo, a Tribuna destacou que durante a festa “foram servidos doces e licores finos, bem como cerveja em profusão” e expressou agradecimentos ao comandante e aos oficiais do 12º Regimento de Cavalaria, “que foram inexcedíveis em amabilidades para com os convidados que foram em grande número”, e pelas atenções dispensadas ao representante do jornal.

Cédulas falsas de 5$000

Da edição de 20 de agosto de 1922 alerta a população para notas falsas que estariam sendo colocadas em circulação. As cédulas seriam as de cinco mil réis da 16ª estampa, trazendo a efígie do conselheiro Rodrigues Alves, ex-presidente da República, que, segundo o jornal teriam sido confeccionadas “na própria Casa da Moeda, onde estão sendo fabricadas as legítimas…” Os autores seriam funcionários desonestos.
“A diferença existente entre a boa e a má, e que poderá facilmente ser descoberta pelo público, é que os números das legítimas vão em ponto menor e mais nítidos. Além disso, as cédulas falsas são menores, um centímetro, no comprimento e quatro milímetros, na largura. Notando-se ainda a pouca vivacidade da tinta”, revela o jornal.
E acrescenta: “…os algarismo “5” de cada ângulo das cédulas verdadeiras, e os do centro, todos da face da frente, têm o espaço de dois milímetros e na face posterior, os grupos de pontos brancos que ladeiam os dizeres: _ “5 cinco mil réis 5” – são compostos de oito pontos, ao passo que as falsas têm apenas sete”.
Descoberta a falsidade das cédulas pelo Tesouro e Estrada de Ferro Central do Brasil, o diretor da Casa da Moeda teria mandado abrir inquérito para apurar a quem coubera a autoria da falsificação e providenciou que fossem recolhidas todas as notas daquele tipo.

Cobras iam de trem

Nos anos vintes era possível despachar cobras para o Instituto Butantan pelos trens da Estrada de Ferro Central do Brasil. Na edição de 20/1/1922 do Tribuna do Norte encontramos um curioso comunicado da então ferrovia sobre isso.
“Os despachos de cobras para o Instituto do Butantan, que até aqui exigia a Estrada de Ferro Central do Brasil que obedecessem certos requisitos que vinham de alguma maneira tornar morosa a remessa daqueles répteis e ao mesmo tempo entravar o seu extermínio, tornaram-se mais cômodos para as partes, segundo nos comunica o major Jorge Guaycuru de Oliveira, digno e zeloso agente da estação”, informava o referido número da Tribuna.
Segundo a nota, isso seria possível “…desde que as caixas que encerram referidos ofídios apresentadas a despacho ofereçam a segurança necessária, o despacho será feito mediante a simples apresentação da requisição feita e assinada pelo remetente”. Destacando como positiva a remoção de um ato burocrático pela EFCB.
Entretanto, conforme era o pensamento sobre as cobras naquelas primeiras décadas do século XX, o jornal acrescentava: “… e com isso estaremos a caminho do fácil e rápido extermínio dos peçonhentos animais”.

 

  • Quartel nos tempos em que sediou o 12º Regimento de Cavalaria - Créditos da imagem: Arquivo TN
  • Cédula de cinco mil réis da 16ª estampa legítima do ano de 1920 - Créditos da imagem: Caravelas Coleções
  • As caixas para transporte de cobras tinham que oferecer a segurança necessária - Créditos da imagem: O Tempo