História : A origem do obelisco da Praça Monsenhor Marcondes – (conclusão)
Em comemoração ao 1º Centenário da Proclamação da República, no dia 22 de agosto de 1922 o povo de Pindamonhangaba inaugurou em praça pública o obelisco em homenagem à pátria. Monumento eterniza os nomes dos ilustres pindamonhangabenses participantes da Guarda de Honra do príncipe responsável por aquele memorável “brado retumbante” às margens do Ipiranga…
Eram pouco mais de 9 horas daquela ensolarada manhã quando ali na histórica Praça Monsenhor Marcondes o prefeito, coronel Benjamin da Costa Bueno, acompanhado do professor José de Athayde Marcondes descerraram ao público presente o patriótico monumento sob aplausos e vivas.
Em seguida, a Corporação Musical Euterpe, banda sempre presente nos grandes momentos do município, iniciou a execução do Hino Nacional Brasileiro, abrilhantado pela voz dos alunos do Grupo Escolar Dr. Alfredo Pujol, pelos jovens integrantes do Grupo de Escoteiros e do Tiro de Guerra Acadêmico, conforme depois constou no jornal Tribuna do Norte em sua edição posterior (24/8/1922).
A benção e os pronunciamentos
Encerrado o canto do hino, coube ao padre Jayme Galzáro, então vigário da Paróquia de Nossa Senhora do Bom Sucesso, acompanhado pelos padres, Anibal Gravina (coadjutor da paróquia) e Antonio Biscardi, proceder a benção do recém-inaugurado obelisco da praça da cascata…
Seguindo a programação, lembrando o grande feito da independência, houve o pronunciamento do representante do governo federal, deputado Dr. Roberto Moreira.
Pela Escola de Farmácia e Odontologia se pronunciaram os seguintes representantes: pela 3ª série, senhor Odilon Izique; pela 2ª série, senhor Elpídio Barbosa, e pela1ª série, senhorita Áurea Padilha.
Coube a eles discorrer sobre a passagem de Dom Pedro I pela cidade; a acolhida pelo povo pindamonhangabense; a tarde da partida da Guarda de Honra para São Paulo com os integrantes pindamonhangabenses: 1. O comandante dessa honrosa guarda, então capitão-mor Manuel Marcondes de Oliveira e Mello (aquele que depois se tornaria o 1º Barão de Pindamonhangaba); 2. capitão João Monteiro do Amaral; 3. tenente-mor Francisco Bueno Garcia Leme; 4. sargento-mor Domingos Marcondes de Andrade; 5. alferes Manuel Ribeiro do Amaral; 6. alferes Adriano Gomes Vieira de Almeida; 7. Antonio Marcondes Homem de Mello; 8. Capitão Benedito Correa da Silva; 9. Miguel de Godoy Moreira e Costa, e 10. capitão Manuel de Godoy Moreira.
Missa campal e desfile
Finalizados os discursos, o vigário da paróquia, padre Jayme, e seus auxiliares, padres Gravina e Biscardi, se dirigiram até o coreto do jardim, local em que se encontrava artisticamente armado um altar para celebração da missa. Na celebração, o momento da elevação da hóstia foi acompanhado de foguetório, uma bateria de 21 tiros.
Após a missa houve o desfile do Batalhão Acadêmico e do Corpo de Escoteiros diante do monumento, em continência ao mesmo.
Registro cinematográfico
Uma curiosidade para os tempos de hoje, cem anos depois, é que segundo registrou o jornal Tribuna do Norte naquela edição (24/8/1922), o evento foi gravado em fita cinematográfica: “Durante a realização dessas festas a empresa cinematográfica denominada Rossi Film tirou vários aspectos do local que mais tarde serão exibidos no Eden Cinema desta cidade”.
(Seria interessante pra nossa história se tivesse sido preservado esse filme).
Desfile, concerto e baile
Naquela tarde as atrações comemorativas aos 100 anos de independência e à inauguração do obelisco prosseguiram. O 2º Regimento de Cavalaria Independente, unidade de Exército que se encontrava aqui aquartelada, desfilou pela cidade; em seguida, a Banda Euterpe se posicionou no coreto da praça e presenteou a população com um concerto que constou somente de músicas nacionais, de autores consagrados.
À noite, no Clube Literário e Recreativo aconteceu um “chá dançante” oferecido aos associados àquele estabelecido de lazer e convidados, que se prolongou até as altas horas da noite.
O Obelisco à Independência
Descrição conforme publicado na edição da Tribuna do Norte que divulgou sua inauguração, na festa comemorativa ao 1º Centenário da Independência:
“O monumento que o povo desta cidade fez erigir para comemorar um dos acontecimentos políticos mais importantes de nossa história, é um obelisco de granito de cinco metros de altura, estili clássico, linhas singelas, mas majestosas. No centro, à frente, destaca-se uma águia bronzeada, sustendo no bico uma coroa de louros, símbolo da Glória e da Liberdade, em atitude de desprender seu voo, de cima do brasão da cidade. Na frente vê-se o grande brasão com targas, festões de louro e palmas cortdos na pedra. No entro desse brasão estão gravados os seguintes dizeres: ‘À Pátria e aos oficiais pindamonhangabenses da Guarda de Honra do Prícipe Dom Pedro homenagem do povo.
À direita e à esquerda da base destacam-se as datas seguintes: 7 de setembro de 1822-1922 e 22 de agosto de 1822-1922 em cujo dia daqui partiu o Príncipe Dom Pedro, acompanhado de sua Guarda de Honra, com destino a São Paulo. Na extremidade do obelisco destaca-se uma grande estrela”.
Complementando, o jornal revela o nome do artista responsável pela obra, o escultor italiano Agostinho Odísio, cujo talento podia-se admirar também outros trabalhos já conhecidos. “Apesar da simplicidade do obelisco o seu autor esforçou-se para lhe dar toda a majestade, o trabalho do distinto artista tem sido muito apreciado”, conclui.