História : Notas policiais de antigamente
Ocorrências negativas que envolveram a adolescência e juventude na Pinda das primeiras décadas do século passado
Semana passada relembramos a atividade dos meninos que usavam carrinhos de mão para fazer carreto na feira livre. O transporte daquilo que as donas de casa adquiriam na feira e no mercado era feito nos carrinhos disponibilizados para o carreto. Hoje recordaremos alguns fatos e feitos, infelizmente, negativos, ligados aos “meninos” da Pinda de outros tempos.
Inicialmente, vamos voltar ao ano de 1917… Segundo o jornal Tribuna do Norte (edição 6/11/1917), o então delegado de polícia local, Dr. Pacheco Salles, havia tomado conhecimento de atos vandalismo ocorridos à noite no centro da cidade…
Vandalismo estudantil
“Um grupo de indivíduos armados de varas, percorreu algumas ruas da cidade quebrando as lâmpadas de iluminação pública e invadindo a estação da Central do Brasil, fazendo distúrbios na chegada do noturno”. Tendo procurado saber quem eram os autores desse malfeito, o delegado acabou chegando a um grupo de estudantes da Escola de Farmácia de Odontologia.
“O Dr. Pacheco Salles tomou as providências necessárias intimando os perturbadores da ordem a comparecerem à delegacia, onde aplicou-lhes o castigo merecido”, registrou a Tribuna na referida edição. Em seguida, o redator TN faz uma observação atenuando a ação dos estudantes sobre o acontecido: “…a mocidade estudiosa e inteligente de nossa escola, não tem nenhuma responsabilidade nos atos de selvageria que vimos narrando”.
Com a intenção de não generalizar a conduta dos jovens estudantes da escola superior, assim conclui: “Essa mocidade que é estimada pela nossa cidade, estamos certos, não é solidária com meia dúzia de indivíduos mal educados, que só tem algum valor justamente por estarem matriculados, numa escola superior, e de tradições com a Escolade Farmácia e Odontologia”.
Futebol em frente ao jornal Tribuna
Em 1919, quando a Tribuna funcionava na rua Dr. Monteiro Cesar, via que liga o Largo São José – cruzando a “Fernando Prestes”, a “Deputado Claro Cesar”, foi do próprio jornal a reclamação publicada na edição de 20/3/1919:
“Seria de toda a conveniência que o Dr. Carvalho Franco, zeloso delegado de Polícia, uma providência tomasse no sentido de por um paradeiro às partidas de futebol pelas nossas ruas”.
O corre-corre atrás da bola e a gritaria andava incomodando o pessoal da Folha de João Romeiro: “Na rua de nossa redação é um barulho infernal com essas partidas e admirados estamos como os vidros das nossas vidraças ainda conservam intactos”.
Manifestando-se contrários àquela prática esportiva realizada de improviso em vias públicas, destacavam: “Certo, o exercício de futebol, em campo adrede preparado é um salutar exercício. Quando, porém, praticado em ruas estreitas como a do Dr. Monteiro Cesar, com a gritaria que fazem, é insuportável.”
Pedido de policiamento
Nesta, da edição de 16/11/1919 da Tribuna, o pedido era ao delegado Dr. José Dantas da Gama, no sentido que fosse destacado, no período da tarde, um soldado para fazer o policiamento da rua José Bonifácio (atual “Bicudo Leme”). No trecho compreendido entre o largo da Matriz e travessa Visconde de Pindamonhangaba.
Segundo o artigo, “Na hora acima mencionada um grupo de incorrigíveis garotos, inventa mil diabruras, ocasionando o desassossego dos que residem nessa parte de nossa cidade”.
Solidário aos seus assinantes mais interessados numa providência policial, o jornal concluía:
“Atendendo à reclamação de vários assinantes residentes nesse local, solicitamos da polícia uma urgente providência de modo a que, de uma vez para sempre, se acabem as correrias e algazarras dos moleques na citada rua”.
Detido furtando lâmpadas do poste
A edição de 29/9/1920 falou de uma prisão efetuada pela polícia: “Na noite de 27 para 28, a polícia prendeu um moço quando, com auxílio de um bambu, retirava lâmpadas dos postes de iluminação pública. Nas declarações prestadas, esse moço disse que alguns de seus companheiros praticam habitualmente esse ato para substituir por boas as lâmpadas inutilizadas de seus quartos”.
Finalizando a nota, revelava a Tribuna: “Segundo declarações prestadas pelo gerente da empresa de iluminação, esses furtos são constantes e, em algumas noite, o número de lâmpadas furtadas atinge a cinquenta”.
Nem a Casa Paroquial escapou
Já a edição da Tribuna de 22/10/1922 registrou um ato de vandalismo praticado na Casa Paroquial, a casa do pároco, na época ainda era o padre José (José Soares Machado), o padre João (João José de Azevedo) viria dois anos depois. A localização era a mesma, rua Marechal Deodoro, onde desconhecidos, depois de pularem o muro, arrombaram uma das portas, inutilizaram a instalação elétrica e furtaram lâmpadas (objeto valioso na época). Não satisfeitos, ainda deixaram aberta a torneira do porão, alagando o pavimento térreo, com sério prejuízo para a segurança do prédio que na época era construção recente.
“Só mesmo espíritos perversos poderiam ter a coragem de cometer abusos da natureza dos que vimos a expor”, comentou, complementando seu artigo, o articulista da Tribuna.