História : Igreja matriz, a reconstrução de 1927
Entre as importantes obras às quais, ao longo de sua existência, foi submetido o templo dedicado a Nossa Senhora do Bom Sucesso, a do final da década de 20 do século passado teve como destaque a capela-mor.
Trazemos em História desta edição uma recordação deste templo religioso de Pindamonhangaba considerado um dos mais antigos da Diocese. A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso, no dia 24 de junho de 1988, então tendo à frente o pároco Benedito Gil Claro, em cerimônia presidida pelo bispo Dom Antônio Afonso de Miranda, foi elevada à categoria de Santuário Mariano Diocesano.
Em nossas “garimpagens de pesquisa nos arquivos do jornal Tribuna do Norte”, encontramos, na edição de 4/9/1927, notícia dando conta que após dois anos do início, se encontravam em fase final as obras da igreja matriz.
Alcançava êxito a empreitada que contara com os esforços e dedicação de inesquecível figura religiosa cultuada pela população cristã pindamonhangabense, católica ou de demais crenças: o padre João José de Azevedo (1898-1976), então o reverendo vigário da paróquia.
Recordava a Tribuna que houvera certo receio quanto à conclusão das obras, “…quando as primeiras picaretadas tocaram as velhas paredes da capela-mor, procurando deitá-las por terra, um certo temor, misto de desconfiança e pesar, invadiu a alma dos católicos da cidade”.
Por conta daquele monte de pedras e cascalhos que se transformara o chão da igreja, a crença geral era a que conviveriam por muitos anos com a matriz em ruínas.
A realidade, conforme constou no jornal, era a de que “a fábrica não dispunha de numerário, era sabido, e as obras a serem executadas, exigiam grande sacríficios por parte da população”. A dúvida dos fiéis era quanto a quais recursos estaria contando o reverendo padre João para arcar com as despesas da obra.
E assim foram os dias, os meses e “…como por encanto, das velhas ruínas, novos alicerces mostrando a grandiosidade da nova casa, brotam da terra, e surge a capela-mor em estilo moderno, dando um grande realce ao nosso majestoso templo!”
Nisso questiona o jornal Tribuna de forma positiva, “…e como foram custeadas essas despesas? Donde vieram os recursos necessários e como estão os mesmos sendo empregados?”.
A resposta a esse questionamento envolve uma fala do padre João, no púlpito, na missa. Motivado pelas então “maldosas insinuações lançadas à luz da publicidade pela Folha do Norte, jornal local”. O pároco apresenta “um relatório sumário do andamento do serviço, despesas e receitas, e, em seguida, com palavras sentidas e coroadas de humildade exalta o povo católico do município, ao qual rende suas homenagens, pelo modo carinhoso e solícito com que tem acorrido ao seu apelo”.
Na missa, segundo a Tribuna,“… a sua fisionomia como que se ilumina, e então, com satisfação e entusiasmo, explica aos seus paroquianos que os recursos vieram do povo de Pindamonhangaba; é desta boa e católica população que tem vindo o necessário de que tenho me valido para a reconstrução da matriz”.
As explicações continuam: “É verdade que dignos filhos desta terra, como os senhores major Ignacio Bicudo Siqueira Salgado e senador Dino Bueno concorreram com quantias avultadas, o primeiro trinta e quatro contos em dinheiro, e o segundo, além de ter prometido a doação das colunas e enfeites do altor-mor, contribuiu com 10 contos! Mas já foram gastos 162 contos nas referidas obras, de onde veio o resto?”.
A resposta vem em seguida: “…de contribuições dos filhos desta terra, residentes aqui e fora do município; das várias quermesses que renderam 44:000$000; de esmolas diariamente recebidas das várias irmandades religiosas e até das criancinhas da cidade!”
Em andamento
Segundo a Tribuna, era graças às contribuições todas que as obras de reconstrução da igreja matriz continuavam em andamento. Para o jornal, era necessário que a população, que vinha acompanhando com interesse as obras, continuasse a auxiliar o vigário em sua grandiosa empreitada. Restavam ainda as pinturas internas e externas. Faltavam recursos. “Concorrer para a terminação da grande obra era dever do católico e bom pindamonhangabense”, destacava o articulista.
Dois meses depois, a inauguração
A edição de 27/11/1927 da Tribuna dedicou uma página à “Festa de inauguração da capela-mor e sagração do altar de Nossa Senhora do Bom Sucesso – Excelsa Padroeira de Pindamonhangaba”. Os festejos ocorreriam de 29 de novembro a 8 de dezembro daquele ano de 1927.
Assinavam como festeiros: senhorita Virginia Romeiro, padre João José de Azevedo – vigário, e padre Ernesto Armirio Arantes – coadjutor. Como patronos das festividades: Dino Bueno e esposa Maria Risoleta Bueno; major Ignacio Bicudo S. Salgado e Dr. Alfredo Machado pela Câmara Municipal.
A comemoração da conclusão das obras foi intensa. A igreja matriz, liderada pelo pároco padre João, ofereceu ao município 10 dias de bons festejos (novena mais o dia da festa). Extensa foi a programação preparada, tanto a religiosa quanto a destinada aos festejos populares, com quermesses e apresentações de bandas de música na praça.