Proseando : O QUE TEM DENTRO DA CAIXINHA?

Gratidão é uma palavra pequenininha para expressar o que sinto pelos alunos da Professora Catarina e por ela também. O Portal R3, do meu grande amigo Luis Cláudio Antunes, publicou matéria sobre a parceria da Escola Mário Bonotti e jornal Tribuna do Norte. Imperdível!

O Proseando de hoje traz mais um desafio. O que tem dentro da caixinha? Você sabe? Envie sua resposta ao WhatsApp 99735 0611.

Tio Bauli é colecionador de caixinhas, mas não dessas de papelão que encontramos em supermercados. As que ele coleciona são verdadeiras obras de arte. A maioria é de madeira envernizada, com pintura sutil de flores, passarinhos e outros motivos da natureza. As demais exibem belíssimas gravuras em relevo. Todas guardadinhas nas prateleiras que povoam as quatro paredes do quarto fechado a sete chaves.

Desde que a tia foi chamada para cuidar do jardim de Deus, ele passou a morar sozinho. Mas isso não significa casa vazia. Jamais! A sobrinhada vive na casa dele de segunda a segunda, em horários que não prejudicam as aulas. Às vezes até pedem a ele ajuda nas tarefas escolares.

O tio é um excelente contador de estórias. Para cada uma delas ele escolhe uma caixinha que deixa sobre a mesa comprida de madeira rústica. Ninguém pode tocar.
— Será que alguém vai descobrir o que tem dentro dessa caixinha? Quem descobrir, já sabe: ganhará o que tem dentro dela.

Em seguida, ele mergulha na estória relacionada ao conteúdo da caixinha, gesticula —conforme o enredo —e modula a voz dando vida às personagens. Com isso, faz a plateia delirar.
— Tio — arriscou minha prima sardentinha, assim que ele terminou de contar — Eu sei o que tem dentro dessa caixinha.
— Sabe mesmo? Olha lá, hein. Se errar terá que lavar toda a louça do nosso café.

Lavava nada. Ele não deixava.
— O senhor contou a estória de um homem que era tão bom, mas tão bom, que ele era bom duas vezes. Então, eu acho que dentro da caixinha tem… bombom. Acertei?
Ele sempre fazia cara de mistério para responder.
— Você a… a…
— Acertei?
— A.. a…
— Diz logo. Acertei?
— A… a… atchim! Acho que estou ficando resfriado.
Todos gargalharam. Depois de assoar o nariz ele respondeu:
— Sim, minha sobrinha! Você acertou.

Para que ninguém passasse vontade, ele trazia mais bombons e os distribuía. Mas, certamente, o bombom mais gostoso era o da caixinha.

Entre todas as caixinhas do tio, havia uma que ele colocou sobre a mesa diversas vezes, mas ninguém acertou o que continha. Era uma caixinha cor de rosa, cheia de coraçõezinhos. Ele contava a mesma estória e concluía:
— Essa caixinha eu ganhei de uma namorada. De uma namorada sem amor. Se alguém descobrir o que tem dentro dela, se não o quiser poderá trocar por um prêmio surpresa.

Ele disse que a resposta está na conclusão da estória. Até hoje não descobrimos o que há naquela caixinha. Quem sabe algum dia ele nos conte.