Nossa Terra Nossa Gente : O obelisco
No Bicentenário da Independência do Brasil, Pindamonhangaba celebra o Centenário do Obelisco da Praça Monsenhor Marcondes, monumento erigido em 1922 para perpetuar a cooperação de pindamonhangabenses da Guarda de Honra de D. Pedro no grande feito da Independência.
O Obelisco, assim como todo monumento, detém a sua própria história. Decorrido um século de sua instalação, eis que a sua história continua sendo lembrada e cultivada graças ao meticuloso registro de seu idealizador – Athayde Marcondes – no Manuscrito do Obelisco.
Desde 2014, o neto de Athayde, José Luiz Gândara Martins, debruçou-se sobre esse documento, realizando pesquisas históricas e imagéticas com o intuito de publicá-lo. Graças ao empenho do publicitário, eis que a obra “O Obelisco do Centenário da Independência do Brasil: Pindamonhangaba 1822 – 2022” ganha uma edição comemorativa do Bicentenário da Independência (Edição do Autor, 182 páginas) e, dada a sua relevância histórica, certamente, fomentará estudos e pesquisas sobre o processo histórico da origem, criação e execução do monumento.
Poucos sabem, mas a concepção athaydiana da criação do Obelisco data de 1918. A Câmara Municipal aplaudiu a lembrança e resolveu votar uma lei especial – aprovada por unanimidade! –, permitindo a instalação do monumento: Lei nº 36, de 15 de abril de 1922.
Uma comissão foi constituída para angariar donativos, contratar o escultor e providenciar, enfim, o que fosse necessário para a edificação do Obelisco. A lista de donativos contou com 264 colaboradores, dentre pessoas ilustres e estudantes de Farmácia e de Odontologia, totalizando 4.144$000 – na moeda atual, um pouco mais de R$ 500.000.00.
O escultor Agostinho Odisio foi contratado. Ao projeto inicial do Obelisco, de autoria de Athayde Marcondes, o exímio artista acrescentou a água e a estrela luminosa.
Esculpido em granito, o Obelisco ostenta cinco metros de altura, em estilo clássico, com linhas retas, porém, majestosas. No centro, à frente, destaca-se uma águia bronzeada, sustentando no bico uma coroa de louros, símbolo da Glória e da Liberdade, em atitude de desprender seu voo de cima do brasão da cidade. Na frente, vê-se o grande brasão com tarjas, festões de louros e palmas cortadas na pedra. No centro desse brasão, está grafado: “À PÁTRIA E AOS OFFICIAES PINDAMONHANGABENSES DA GUARDA DE HONRA DO PRÍNCIPE D. PEDRO – HOMENAGEM DO POVO”. À direita e à esquerda do pedestal, destacam-se as datas: “1822 – 7 de setembro de 1922” e “1822 – 22 de agosto de 1922”. No topo do Obelisco, destaca-se uma grande estrela luminosa.
Inaugurado no dia 22 de agosto de 1922 (efeméride de 22 de agosto de 1822, data em que partiram os ‘pindenses’ pertencentes à Guarda de Honra de D. Pedro), as celebrações, os festejos, as fotografias e as matérias de jornais foram registrados por Athayde em seu Manuscrito.
Graças ao talento de arquivista do nosso historiador-mor e, sobretudo, ao desmedido amor do neto José Luiz Gândara Martins pela obra de seu avô e por Pindamonhangaba, temos hoje salvaguardada do esquecimento essa obra de historiografia da Princesa do Norte.
Desde que vi no livro de Athayde e Gândara a foto da inauguração do Obelisco, na Pindamonhangaba de 1922, encantei-me com a Praça Monsenhor Marcondes completamente tomada pelo povo e, confesso, fiquei perplexa com o cenário de antigos casarões e vasto arvoredo que desapareceu diante da imperiosa ordem do progresso…
Certamente um dia histórico para Athayde Marcondes e todos os colaboradores desse sonho magistral! E, no primeiro centenário do Obelisco, outro fato histórico lhe é acrescido: restaurado e revitalizado, o monumento foi tombado como bem cultural de natureza material de Pindamonhangaba, por meio do Decreto 6.243, de 5 de setembro de 2022.
“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.”, ensina José Saramago. A águia do Obelisco transporta uma coroa de louro no bico! O livro “O Obelisco do Centenário da Independência do Brasil: Pindamonhangaba 1822 – 2022 transporta a história de nossa terra, nossa gente.