Nossa Terra Nossa Gente : O ARTISTA BALTHAZAR DE GODOY MOREIRA

No caleidoscópio da vida de Balthazar de Godoy Moreira (1898 – 1969), muitos já apreciaram as configurações de suas trovas, de seus sonetos e crônicas memorialistas, de sua louvável carreira no magistério do Estado de São Paulo, da honrosa história dos Godoy Moreira nesta “terra roxa do saber e da aptidão”!

Entretanto, poucos conhecem o artista Balthazar, aquele que ilustrou em ‘bico de pena’ a obra “Roteiro de Pindamonhangaba”, ou aquele que presenteou a família e amigos com seus ‘óleos sobre tela’ retratando lugares de sua terra natal e de Campos do Jordão e as casas e os lugares em que viveu parte de sua vida.

O número exato dos quadros pintados por Balthazar (em torno de 50) perdeu-se diante de sua louvável generosidade, tendo restado umas 30 obras que, hoje, ocupam lugar de honra nas casas dos netos como herança do habilidoso avô!

O despertar do artista que habitava Balthazar Godoy Moreira é uma história singular! A esposa e colega de profissão no magistério e na literatura – Elisa Diehl – era uma grande incentivadora do marido. Entusiasmados pelas artes cênicas, entendiam ser o teatro essencial ao desenvolvimento educacional das crianças. Foi em Cabrália – SP, nos anos de 1920, que, ensaiando uma peça teatral, Elisa observou o cenário muito vazio, merecedor de um ou dois quadros; não encontrando no mercado local algo que os agradasse, sugeriu a Balthazarque os fizesse.

Para surpresa de Elisa, Balthazar concluiu a tarefa com arte! E, a partir daquele cenário do teatro infantil, as cores das tintas passaram a expressar o imaginário artístico do jovem professor pindamonhangabense. Autodidata, Balthazar trocava umas ideias com o pintor Benedito Rosa Lima, que, ocasionalmente, orientava o amigo.

Dono de um estilo singular constituído pela delicadeza das pinceladas – tão delicadas que algumas vezes pensamos tratar-se de ‘aquarela’ em vez de ‘óleo sobre tela’! –, a arte de Balthazar de Godoy Moreira dispensa assinatura! Por sinal, poucas obras contêm no canto inferior direito, o insigne “Balthazar”. Despretensioso, pintava a maioria dos quadros em capas duras de caderno; entretanto, alguns mereceram telas específicas.

Os quadros de Balthazar retratam a ‘Pinda’ de sua infância e mocidade, a curva do rio Paraíba sob diversos ângulos, as ruas e casas em que morou ao longo de seus 71 anos de vida, o sobrado dos Godoy Moreira no coração da Princesa do Norte, a Matriz de Nossa Senhora do Bonsucesso, a Fazenda da Guarda em Campos do Jordão, dentre outras paisagens reluzentes na memória do Poeta.

Ao contrário dos sonetos, poemas, crônicas e livros de sua autoria, a pintura – expressão vívida das paisagens secretas de sua alma – era o seu ‘petit comité’, ofertado a amigos mais chegados e familiares.

A arte em ‘bico de pena’, n’algum momento, também conquistou o coração do Poeta, e, alguns desses desenhos de sua autoria ilustram os sonetos ‘Pindamonhangaba’, ‘Jardim da Cascata’, ‘Paço Municipal’, ‘Obelisco’ e ‘Igreja de São José’ no referendado livro “Roteiro de Pindamonhangaba”.

É imprescindível ressaltar que, na arte, Balthazar não tratou apenas de pintar a vida! Por meio da pintura, o artista pindamonhangabense deixou impressa a poesia de sua história e memória. Quem vê seus quadros, misteriosamente é transportado para os recantos que habitam o artista e, sobretudo, para o enamorado sentimento que ele cultivou pelo “sacrossanto chão” da sua ‘Pinda’ amada!

  • Divulgação CONVITE Aos que desejarem apreciar as pinturas do poeta pindamonhangabense, a “EXPOSIÇÃO BALTHAZAR DE GODOY MOREIRA: POESIA, HISTÓRIA E MEMÓRIA” está aberta à visitação pública, de segunda a sexta, no Palacete 10 de Julho, na Sala da APL, das 8 às 17 horas, até 30 de novembro.