História : A moderna Tribuna do final dos anos setentas
Há 45 anos a Tribuna experimentava a sua primeira fase de impressão e composição pelo sistema offset
A histórica caminhada do jornal Tribuna do Norte, desde seu surgimento em 11 de junho de 1882, é repleta de interessantes e importantes passagens. Hoje recordaremos uma delas. A sua primeira fase offset, ou seja, quando foi produzida pela primeira vez nesse referido sistema de composição e impressão.
Conforme ficou registrado em seu próprio arquivo (edições encadernadas), o motivo da “folha do Dr. João Romeiro” haver ingressado na modernização, método na época já usual para muitos jornais interioranos, foi “…para poder acompanhar o surto de crescimento com desenvolvimento de uma coordenação desenvolvimentista, vivendo assim a nova era de Pindamonhangaba!”.
Na realidade, a Tribuna aproveitara o clima de mudanças, de estímulo ao progresso e à evolução que vinha sendo proposto e realizado pelo governo municipal, prefeito Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho, em Pindamonhangaba.
Entretanto, não foi possível a manutenção da arriscada empreitada. Manter a composição e impressão do semanário nas oficinas gráficas do jornal Valeparaibano (São José dos Campos), acarretava em gastos significativos, despesas muito além dos parcos recursos dos quais dispunha a direção. Por conta disso, a primeira tentativa de fazer o jornal offset teve curta duração: março de 1978 a setembro de 1980, apenas 88 edições.
Havia sido em vão os constantes alertas do jornalista Luiz Salgado Ribeiro, o primeiro a presidir a Fundação Dr. Romeiro (mantenedora da Tribuna criada em maio de 1980), em artigos editoriais ou em seus bate papos pela cidade, sobre a necessidade da participação do município na manutenção da Tribuna em offset. O jornalista acreditava que se conseguissem mais anunciantes junto ao comércio, indústria, clubes de serviço etc.; se pudessem contar com um maior número de assinantes, a Tribuna do Norte poderia seguir naquele ritmo de evolução que bem merecia um jornal prestes a comemorar 100 anos de existência.
A verdade é que a verba que a Fundação recebia para dar continuidade à produção do semanário naqueles moldes não dava para cobrir as despesas e, faltando ainda dois meses para a conclusão daquele ano de 1980, a Tribuna acabou retornando ao tempo do letra por letra, 1tipo por tipo. Fotos e ilustrações só quando em caso de extrema necessidade, dependendo da possibilidade de gastos com 2clichês…
“De volta a 1882…”
Em artigo editorial com o sugestivo título acima, Luiz Ribeiro encarregou-se de explicar aos leitores a edição que foi às bancas naquele 10 de outubro de 1980. Uma Tribuna bem diferente daquela que os pindamonhangabenses já haviam se acostumado a ver. Um jornal de tamanho menor (medida tabloide), sem fotos nem ilustrações, composto e impresso em sistema arcaico.
Para continuar existindo a Tribuna se viu forçada a regredir, assumindo os esclarecimentos sobre o triste fato o então presidente da Fundação mantenedora do jornal:
“A partir de hoje – depois de ter deixado de circular por duas semanas para poder reequipar sua velha oficina – a Tribuna do Norte substitui os modernos processos do offset pelo arcáico sistema de tipos móveis, idêntico ao que compôs e imprimiu o seu primeiro número, em 11 de junho de 1882.
O motivo desta mudança radical não é outro senão a falta de dinheiro. Ao ser constituída no último 11 de junho, com a finalidade de manter a tradicional Tribuna do Norte, a Fundação Dr. João romeiro herdou o restante das verbas que a Prefeitura tinha para editar o jornal como Imprensa Oficial do Munícipio. Desde o começo, sabia-se que estas verbas, corroídas por uma inflação superior a 100 por cento, eram insuficientes para manter o jornal no elevado nível gráfico e editorial que ele vinha apresentando”.
Estes foram apenas dois dos nove parágrafos com os quais o jornalista Luiz Ribeiro, em bem alinhavado e honesto texto, deixou gravado nas páginas da Tribuna o fim de mais um capítulo de sua muito interessante e profícua existência… que segue adiante nessa “vasta arena do jornalismo”.
Foi assim que a Tribuna, não fugindo à luta, graças ao dinamismo e idealismo de seus líderes, à dedicação e esforço daqueles que nela e por ela trabalharam, prosseguiu passo a passo sua caminhada secular.
Depois de ter evoluído do letra por letra para o produtivo período das linotipos, deixou finalmente a composição a quente. O fim dos inesquecíveis e românticos “anos do chumbo” e o ingresso de vez ao offset aconteceu em março de 1997, 17 anos depois da primeira tentativa. Porém isso já é outro capítulo da maravilhosa história de uma folha liberal criada pelo político, jurista, escritor, poeta e jornalista que se chamava João Romeiro de Moura Marcondes, o fundador da Tribuna.
1. Pequeno bloco fundido em metal (ou com outros materiais resistentes, como a madeira, que traz relevo, numa das faces, uma letra ou qualquer outro sinal de escrita para ser reproduzido pelo processo de composição. (Dicionário da Comunicação)
2. Placa de metal (usualmente zinco) gravada fotomecanicamente, cuja superfície apresenta, em relevo e em sentido inverso a imagem original, todos os pontos que devem deixar impressão no papelno papel. Empregavam-se clichês em tipografia, para a impressão de jornais, revistas, livros, anúncios, folhetos et. Matriz, em zinco, de textos, desenhos e fotografias… (Dicionário da Comunicação)