História : A inauguração da luz elétrica em Pindamonhangaba (1)
A iluminação elétrica foi outro dos importantes acontecimentos ocorridos no município ainda nas primeiras décadas de 1900
Onze anos após haver coberto a solenidade pública de inauguração do serviço de captação d’água do córrego do Felipe, situado na Fazenda Santa Cruz, na serra da Mantiqueira (atual Parque Municipal do Trabiju), a água encanada vinda da serra, o jornal Tribuna do Norte participou da divulgação de outro melhoramento de extrema importância para o município: a iluminação de Pindamonhangaba com luz elétrica.
Depois da inauguração da água encanada, com a instalação de bicas primeiramente nos principais logradouros públicos da cidade, Largo do Mercado (Praça Padre João de Faria Fialho) e Praça Monsenhor Marcondes, benefício conquistado no início da administração municipal do médico Dr. Francisco Romeiro, outro prefeito médico, o Dr. Claro Cesar, juntamente com a Câmara Municipal em exercício, trazia a luz elétrica.
É da edição de 6 de agosto de 1911, em nota de 1ª página intitulada simplesmente pela palavra “Luz”, os primeiros comentários referentes àquele melhoramento público:
“O grande acontecimento que a nossa população vem de apreciar – qual seja o da inauguração da luz elétrica, é sem dúvida a recompensa de um esforço hercúleo e da dedicação votada aos interesses de nosso município pela nossa edilidade e principalmente pelo ilustre e popular Dr. Claro Cesar, prefeito municipal”.
Revelava a Tribuna que o sonho alimentado por Pindamonhangaba já em 1890 se tornava realidade sob os aplausos de toda a população.
“Marchemos com coragem por essa estrada, cheios de fé no presente e um turbilhão de esperanças no futuro. Com atividade, esforço e trabalho tudo venceremos. Precisamos reerguer as tradições gloriosas de Pindamonhangaba que, infelizmente, dormia um sono letárgico sem que alguém a acordasse”, ufanava-se o articulista da Tribuna.
Era uma época em que a Princesa do Norte ressentia a perda econômica ocasionada pelo fim dos áureos tempos do café. Qualquer passo dado em benefício de seu desenvolvimento merecia aplausos e encorajamento. As iniciativas visando o reerguimento do município, ainda que com ousadia e sacrifícios, eram bem-vindas e o povo conclamado a participar.
“Não podemos ficar na retaguarda! – A postos! Marchemos com coragem e assim poderemos dignificar a terra, cujo futuro se nos apresenta cheio de esperanças. Então a Princesa do Norte, na felicíssima frase do Dr. Ricardo Vilella, será a Rainha do Norte”, estimulava a matéria da Tribuna, exaltando a figura de Ricardo Vilella, empresário responsável por aquela empreitada.
A inauguração
Para contar tudo sobre como fora as festas à iluminação pública por eletricidade, realizadas no dia 29 de julho de 1911, o jornal havia reservado naquela edição de 6 de agosto, matéria que ocupou toda a sua página 2 com conclusão na 3.
Com o título “As festas do dia 29”, o artigo começava elogiando o doutor e prefeito Claro Cesar, exaltando: “Quando quiser fazer justiça, há de confessar que não podiam ser mais completas as festas promovidas pelo Dr. Prefeito municipal, para solenizar a inauguração da Luz Elétrica nesta bela cidade”.
Segundo a Tribuna, naquele dia houve colaboração até da natureza: “Até o tempo que andava mais carrancudo que um *jacobino, nesse dia mostrou-se contente, obsequiando-nos com uma tarde esplêndida e uma noite encantadora”.
O bom tempo verificado naquele dia era motivo de ironia por parte do redator, que aproveitava para cutucar os possíveis contrários a realização daquela melhoria para o povo: “Como que a própria natureza se incumbira de desmentir os pífios adversários da Câmara Municipal, fazendo realçar o melhoramento que tanto despeito tem causado aos engolidores da renda pública”.
Certamente, havia oposição partidária ao governo em vigência, consequentemente, contrária a qualquer empreendimento iniciado por este que resultasse em êxito. Era endereçado à oposição o comentário:
“Enquanto com desmarcada audácia e desplante, eles procuraram desacreditar o nobre empreendimento, portanto, e sem a mínima atenção ao bem estar público, enfraquecer a Câmara, desprestigiá-la perante a opinião do município, os dignos vereadores que não podiam dar melhor prova de sua competência e patriotismo, fechados os ouvidos ao zumbido da calúnia e mentira dos intrigantes foram sempre caminhando para diante e sem maior dificuldade puderam alcançar o resultado que designavam”.
A Tribuna ressaltava o sucesso daquela inauguração como uma vitória da Câmara Municipal e do prefeito Claro Cesar: “…a cujos esforços devemos o importante melhoramento, podem estar satisfeitos não há dúvida. Venceram”.
* Jacobinos. Durante a Revolução Francesa, os jacobinos defendiam reformas sociais e, na Assembleia Nacional, sentavam-se do lado esquerdo da sala de reuniões. No Brasil, os clubes republicanos radicais do fim da monarquia se diziam jacobinos por defender as mesmas ideias dos franceses um século antes. (fgv.br https://cpdoc.fgv.br › verbetes › primeira-republica-pdf)