AVE MARIA, MARIANA!
Antes mesmo de conhecer Mariana, conheci a sua voz! Foi numa tarde de domingo, durante uma apresentação do Sarau de Poesia do CCI – Centro de Convivência dos Idosos, em Pindamonhangaba. Mariana declamava um poema intitulado “Ave Maria”. Sua vozinha o dom de nos arrebatar do chão e de nos conduzir às esferas celestes, onde habitam os bem-aventurados de alma e de coração.
Fechei os olhos para sorver a substância viva daqueles versos, maestria de quem aprendeu a doutrinar a própria voz para transmitir a voz divina. Na plateia, o silêncio imperava. Entre nós, aquela senhora de olhos miúdos, sorriso faceiro, cabelo de paina e voz de anjo!!!
– Ave Maria, Mariana! Onde foi que você aprendeu a declamar tão lindo assim?
A “menina” de Carandaí – MG nos contou que foi sua primeira professora quem a iniciou na poesia. Mas desde os 3 anos de idade, ela cantava sozinha nas cerimônias de Coroação de Nossa Senhora, nas Cruzadas Eucarísticas, na Congregação das Filhas de Maria e até no casamento de uma de suas irmãs. De saúde muito frágil, vestia por baixo das roupas de anjo um pijama de flanela e, porvezes, foi levada aos compromissos religiosos no colo de seus pais ou de irmãos mais velhos. Aos 14 anos, a voz de Mariana já era destaque na Orquestra Sinfônica de Carandaí.
Da infância e juventude vividas na casinha de luz de querosene, fogão de lenha, água da bica e muita luta restaram saudosas recordações que os anos vividos em “sua” Pindamonhangaba (terra que adotou como dela em 1982, ao mudar-se com o marido José Maria dos Reis e os 3 filhos – Magda, Luide e Liene), a ensinaram aquilatar.
No Coral do Prof. Alexandre Salgado, nas missas das 9 horas de domingo celebradas no Santuário Diocesano de Nossa Senhora do Bom Sucesso, a voz da solista Mariana Maciel dos Reis alcançou notas altíssimas na história da música desta cidade princesa! Como perder as missas de domingo? Como esquecer a voz de “sua” Verônica nas sextas-feiras da Paixão? Como não se apaixonar por essa solista que ao completar 49 anos, de presente, ganhou outro dom divino, a poesia?
Sua coleção de troféus dos Concursos de Poesia do CCI não nos deixam mentir! Seus diários pessoais e incontáveis pedacinhos de papel escritos aqui e acolá guardam versos de sua autoria e suas lembranças. Mas nada se compara ao maior tesouro que Mariana garimpou ao longo dos 77 anos de doçura, alegria, amor à vida, sabedoria e devoção: um caderno escrito à mão, contendo mais de uma centena de músicas executadas especialmente nas Cerimônias de Coroação de Nossa Senhora de todo o Brasil!
– Mãe do Céu! Rainha Celeste! Abençoa e guarda sob teu manto azul a menina nascida no seu 12 de outubro, que um dia te ofertou flores, foi anjo, arcanjo e teve o privilégio de coroá-la, de cantar e declamar teus louvores! “Tu escolheste esse coração pra seu abrigo e dele fez um roseiral em flor” (Maria Bethânia).