PIB: Um indicador de desempenho infeliz

O conhecido físico israelita, Eliyahu Moshe Goldratt, se tornou mundialmente famoso quando migrou para a área de administração e propôs a teoria das restrições, que divulgou através de um romance intitulado “A Meta”. O livro que rapidamente se tornou um “best-seller” empresarial tinha a seguinte frase como uma das preferidas do autor: “Diga-me como me medes e eu te direi como me comportarei”.

Para Ladislau Dowbor, professor da PUC e consultor para diversas agências da ONU, “o PIB é uma cifra que tecnicamente ajuda a medir a velocidade que a máquina gira, mas não diz o que ela produz, com que custos ambientais e nem para quem. É ridículo tentar reduzir a avaliação de um País a um número, isso não faz nenhum sentido”.

O Produto Interno Bruto (PIB)mede a soma anual dos bens e serviços produzidos pelo País.
Em épocas de eleições, como esta que estamos vivendo no Brasil, o PIB é um dos indicadores que podemdefinir se alguém será eleito ou não e se os empregos crescerão ou sumirão do mapa deixando desesperançosos milhares e até mesmo milhões de trabalhadores.

Mas, reflitamos um pouco: um PIB grandioso seria realmente garantia do bem-estar das famílias, do sucesso das futuras gerações e do crescimento do país?

Pois bem, vamos pensar numa situação hipotética. Se a nossa população jogar todo tipo de lixo no rio Paraíba do Sul: pneus usados, sofás velhos, fogão etc., acabaríamos chegandoa um resultado caótico, o que certamente obrigariaos governosa atuar no sentido de solucionar o problema, provavelmente contratando um serviço de desassoreamento do rio. O que aconteceria com o PIB numa situação dessa? Naturalmente subiria. E se derrubássemos todas as arvores da floresta amazônica e as vendêssemos? Teríamos um crescimento no PIB, lógico, mas que herança ambiental deixaríamos para as futuras gerações?
Outra situação, digamos que consigamos acabar com todas as doenças infantis no país. Isso seria bom ou mal em termos de PIB? Certamente ruim, pois as vendas de remédios cairiam imensamente e com elas o PIB.

O PIB não leva em consideração o que se perdepara atingirmos um determinado resultado.

Peter Dauvergne, em seu livro “Will big business destroy our planet? ”, numa livre tradução “Irão as grandes empresas destruir nosso planeta? ”, mostra o caminho de destruição já percorrido em decorrência da ganância empresarial e medidas que privilegiam somente um lado da contabilidade econômica.
Existe uma ameaça constante ao nosso meio ambiente, alavancada principalmente por negociatas.

O PIB é um medidor que leva em consideração apenas o volume de atividades sem se importar com os resultados provenientes dessas operações. Acredito que o objetivo final deve sempre ser a busca da qualidade de vida da população.
Debates sobre o tema estão sendo travados por grandes economistas e ativistas interessados no bem-estar do planeta como um todo.

Para atingirmos nossas metas, precisamos de indicadores de desempenho que reflitam esses objetivos, ou seremos vítimas do que sugeria Goldratt através da citação: “Diga-me como me medes e eu te direi como me comportarei”.