História : A 1ª solenidade de compromisso de recrutas do 2º BE Cmb em Pindamonhangaba

Criado em 15 de maio de 1946, a instalação do 2º BE neste município se deu com a chegada de seus primeiros oficiais e praças, em 11 de março de 1947

Depois de sua primeira participação numa festividade comemorativa ao aniversário da cidade (ver página de história da edição passada), o 2º Batalhão de Engenharia, ainda naquele ano de sua instalação neste município, convidou a população para assistir a outro evento na então Praça da República…

Este acontecimento, trouxe-nos a edição de 19 de outubro de 1947 do jornal Tribuna do Norte, foi a“Solenidade do Compromisso dos Recrutas”. A primeira do gênero realizada pelo 2º Batalhão de Engenharia, em seu aquartelamento em Pindamonhangaba.

Conta o artigo, foi em uma manhã de domingo. Logo cedo já era grande o movimento na praça fronteira ao quartel. Além das autoridades civis e suas famílias, grande massa popular para lá havia se dirigido.

E aqui, acreditamos, seja oportuna uma observação, a de que desde os tempos que aqui se aquartelara o efetivo do 4º (que passou a ser o 2º) Corpo de Trem, em 1918, já estava o povo local habituado a se juntar à unidade de Exército Brasileiro aqui aquartelada, em suas solenidades ou nas festividades do município.

Foi assim que, concluídas as cerimônias militares regulamentares, coube ao comandante do 2º Batalhão de Engenharia, coronel Felisberto Estevam de Oliveira Baptista, a leitura do boletim especial referente à solenidade.

A Tribuna naquela edição publicou a importante fala do 1º comandante do 2º BE aos seus recrutas. Nossa página de história nesta edição, tendo como justificativa o valor histórico do acontecimento, a republicamos:

“Soldados!
Acabaram de assumir um grande e significativo compromisso perante a bandeira sagrada e inviolável do Brasil.

Fizeram com simplicidade, não isenta de galhardia, o estoico, o definitivo empenho de suas vidas em defesa de nossa querida e grande Pátria. É um ato decisivo, público, que os integra completamente no meio militar, que os incorpora, como soldados mobilizáveis ao Exército Brasileiro.

Passaram, vocês, a ser força viva da imensa e gloriosa nação a que temos a honra de pertencer e a cuja disposição se colocaram, para o que ela lhes solicitar, se necessário, ao sacrifício supremo – da própria vida!

Há, entretanto, no juramento que proferiram, outras obrigações de cumprimento talvez mais difícil que o simples domínio sobre o instinto de conservação – a obediência irrestrita à disciplina consciente, o honesto desempenho das funções de soldado e da cidadania.

Reflitam bem sobre este juramento para lealmente cumpri-lo. É preciso que saibam obedecer com serenidade e altivez e fazer-se obedecidos com dignidade e bondade: – que procurem conhecer mais de perto os regulamentos militares para que sigam as normas neles traçadas e se imponham no meio militar e no meio civil pela retidão de caráter e de proceder.

Dentro em breve vocês voltarão a seus lares, retomarão o trabalho, temporariamente interrompido pelo chamado à caserna, mas, não mais poderão esquecer as palavras que pronunciaram nesta cerimônia, pois, embora trocando a farda pelas vestes civis, o mosquetão pela enxada ou pela pena – permanece intacto e dominante o compromisso assumido: o de bem servir! Quanto se contém neste verbo! Servir a Pátria não é somente passar alguns meses num quartel, em serviço militar, servir à Pátria é dedicar toda a existência, todas as forças de que dispomos ao seu engrandecimento. Assim, partindo da caserna não terminam as obrigações de vocês, pelo contrário, ela se amplia nos místeres próprios a cada um, todos benéficos ao progresso dos nossos rincões.

Se antes deste juramento, deixassem de cumprir os seus deveres, seriam vocês apenas inconscientes, doravante, se isto fizerem, faltarão à palavra empenhada, perderão o respeito a si próprios, trairão a Pátria!

Nossa terra, generosa e hospitaleira precisa do trabalho de vocês para que tenha prosperidade, dentro da ordem. E, neste momento, em que nuvens negras apontam no horizonte, sejamos decididos defensores das instituições vigentes e esmaguemos sem dó nem piedade, com energia máscula, própria dos soldados, as víboras traiçoeiras, alimentadas no seio da pátria a que pretendem morder e envenenar para afundá-la, como vítima inerme na lama putrefata do comunismo.

Soldados! Muitos viram e aprenderam. Não deixem que a poeira do esquecimento apague de sua memória os dias aqui passados. Procurem antes difundir os conhecimentos adquiridos. Ensinem os nossos compatriotas, lá fora, a grandeza imensa de nosso país e gloriosa história de nossa nacionalidade; falem-lhes daqueles que, longe de seus entes queridos, em terra estranhas, curtidos de saudade e sob céus inclementes, viveram, lutaram e morreram ao fragor da metralha, na luta corpo a corpo, escrevendo páginas imorredouras de puro patriotismo! Digam-lhes quão simples e generoso é o Brasil e da sua predestinação neste mundo açoitado de desconfianças, intranquilidades e ambições inconfessáveis! Rememorem os fatos de nosso passado a fim de bem compreenderem os anseios do nosso presente.

E tenham sempre e sempre esculpidos nos corações, gravados na mente, as frases incisivas e o significado amplo do compromisso assumido.