História : A festiva Pinda dos anos 60 – Cine Brasil e Cine São josé
Em sequência às doces reminiscências da Pinda do início e final dos anos 60, e atendendo a pedido de leitores, vamos recordar dois cinemas locais que ainda estavam em pleno funcionamento naquela inesquecível década: Cine Brasil e Cine São José.
O Cine Brasil ficava ao lado da praça Monsenhor Marcondes, sua frente era onde agora funciona a Diniz Discos. Moacyr de Almeida (1920-2006) em seu livro Cada Caso um Causo (Stiliano, Lorena-SP, 1999) conta que “esse cinema foi inaugurado em 1942, com o grande sucesso da época ‘Um Rosto de Mulher’, estrelado por Joan Crawford, lançado em primeira exibição simultaneamente em Pinda e São Paulo, como parte da festa de inauguração”.
Pouco depois do Cine Brasil veio o Cine São José. Deste, Moacyr de Almeida lembra que fora adaptado de um salão de festas de propriedade dos irmãos Antônio e Raul Rabello. Este ficava na Fernando Prestes, local hoje ocupado pelo Supermercado Excelsior e, anteriormente, sede social da Associação Atlética Ferroviária. Esse cinema possuía, além de seu salão normal, uma área suspensa, tipo camarote, cujo ingresso era identificado com a denominação “pullman” e custava um pouco mais.
Relacionada a estes cinemas, encontramos em edições da Tribuna do Norte do ano de 1954 uma série de artigos (o autor se identifica apenas pelas iniciais N.K.), criticando estrutura e deficiência dessas casas destinadas ao lazer da população.
Inicialmente o articulista destaca a falta de ventilação e renovação de ar, além de alegar que as dependências dos cinemas estavam infestadas de pulgas, solicitando à Secretaria de Saúde, por intermédio do Centro de Saúde local, às devidas providências junto à empresa responsável, era a Olana S.A.
Nas críticas seguintes, mencionava a existência de um monopólio cinematográfico que impedia a vinda de bons filmes para Pindamonhangaba. Segundo o autor a Olana S.A. mantinha contatos firmados com várias companhias fornecedoras de películas, mas não tinha relações comerciais com as melhores como a Metro, Warner e outras. “Filmes assistíveis? Só de ano em ano!”, ironizava.
A atuação do Centro de Saúde também foi requisitada na denúncia referente à contínua queima de carvão e magnésio que ocorria durante as exibições, processo que lançava gases intoxicantes para dentro dos auditórios porque os cinemas não possuíam as chaminés para canalização dos gases para fora do edifício.
Nem a moral e os bons costumes ficaram isentos da ‘boca no trombone’ do redator da Tribuna. Alertou até o delegado de polícia quanto à algazarra dos jovens nos cinemas; caracterizou como inconveniente e reprovável a conduta de casais de namorados durante as sessões.
Identificados por episódios, como se fora a sequência de um seriado cinematográfico, assim prosseguiram os contundentes artigos da Tribuna até o de número 6, publicado da edição de 21/2/1954.
Deficiências à parte, o autor dessa página dedicada às reminiscências de Pindamonhangaba através de singelas pesquisas, revela-se saudosista dos bons tempos dos cinemas São José e Brasil…
Trago doces recordações dos cartuchos de amendoim e de passoquinha, da cocada, do coco cortado em pedacinhos torrados no chocolate (hoje a quem venda essa delícia em frente à antiga Drogalar, atual Drogaquinze), delícias que eram vendidas na entrada; do cinema. Lembro-me das tardes de domingo de matinê, quando, na porta do cinema, havia uma aglomeração de jovens e adultos que iam trocar gibis… fui um deles e quantas vezes vendi gibi pra comprar o ingresso.
Saudade dos momentos que antecediam ao filme, som orquestrado, burburinho no auditório… drops Dulcora. As cortinas se abrindo e a vinheta: “Futebol”, ao som da música ‘Na cadência do samba – que bonito é’ (orquestrada), enquanto jogadores, em câmara lenta, exibiam em campo o balé do futebol… os dribles de Garrincha, a magia de Pelé; as defesas milagrosas de Gilmar, Manga… o espetáculo do futebol brasileiro dos anos 60 com seus deuses das quatro linhas…
Saudade dos filmes… o seriado do Zorro, o incomparável Mazzaropi, Elvis Presley; as lindas, Elizabeth Taylor, Jane Fonda, Ursula Andrews e muitos outros excelentes artistas de cinema…