A medalha da vida

COLABOROU COM O
TEXTO: Joyce Dias

“Paraíba masculina mulher macho sim senhor”. Francisca Maria da Conceição canta balançando seu corpo ao som da sua felicidade.
Palavra que é o ingrediente principal para a receita de sua vida. Aos 103 anos, Dona Francisca ganhou medalha de prata nos Jogos Regionais do Idoso (Jori) representando Pindamonhangaba.
Ela que, com sua agilidade e independência, foi pega de surpresa com o convite de representar o atletismo de Pinda nos Jori 2017, não teve dificuldades em se destacar. Já que sempre se exercita, não pensou duas vezes e aceitou o desafio.
Desafio que vai além de uma competição. Dona Francisca foi a mais idosa entre os 2.379 envolvidos na competição.
No dia quatro de agosto de 1914, nasce Francisca Maria na cidade de Salgadinho, Paraíba. Em 1993, ela chega a Pindamonhangaba com sua família.
Em sua mala, Dona Francisca traz uma receita que qualquer um gostaria de descobrir: da longevidade. Ao contrário do que muitos pensam, este segredo não está em dietas e nem em preocupação com a saúde. Francisca conta que a técnica para se viver bem é de “não se preocupar com nada e viver na sua”. O bom humor de Dona Francisca ensina que o segredo da vida está na satisfação de viver. “Ela come o que quer, faz o que quer, vai para onde quer, é o que ela gosta de fazer”, fala sua filha Martilene.

Uma nova
categoria nos Jogos

A responsável pelos atletas da melhor idade, Ana Rosa Bastos Marcondes, conta que em 2017 os Jogos Regionais do Idoso tiveram exclusividade na categoria G. Cada categoria é uma idade, e a Dona Francisca estreou a categoria em que o regulamento dos Jogos decidiu abrir devido aos idosos estarem com expectativas de vida maior.
Mas apesar disso, ainda foi preciso fazer um ajuste neste novo regulamento, já que a idade máxima era de 100 anos. “A gente fez contato por que não conseguíamos inscrever a Dona Francisca. Eles precisaram atualizar o cadastro para aceitar a inscrição”, conta Ana Rosa. Depois de se inscrever, Ana Rosa conta, “ela já se entrosou com a equipe toda e foi uma convivência maravilhosa”.
Dona Francisca representou Pindamonhangaba no atletismo pela primeira vez e disputou 600 metros rasos.
Ficou em segundo lugar e trouxe uma medalha de prata para casa. “Vou continuar competindo, se Deus quiser”, fala Maria Francisca toda orgulhosa.

Família unida

Dona Francisca mora com sua filha, genro e uma neta. Mas ela já tem até tataranetos. Sua família mostra que por detrás da longevidade de Francisca, existe muito carinho, amor e afeto.
Com brilho nos olhos, sua filha Martilene desabafa, “no dia que eu a perder, eu perco meu chão porque ela é tudo para mim”.
A filha conta também que sua mãe não para dentro de casa. Quando ela percebe, Dona Francisca já saiu.
Os trabalhos diários, não são problemas para ela. Maria Francisca dá conta de tudo sozinha. Afinal, tempo é o que não falta, já que seu dia começa às 5 horas da manhã.

Saúde de Ferro

Nestes 103 anos de vida, Francisca ficou doente só uma vez. Chegou a ficar internada em uma UTI e o médico atestou somente mais um ano de vida para ela. E o detalhe é que isso já aconteceu há dez anos. “Se bobear esse médico já até morreu e eu ainda estou aqui”, comemora Francisca.
E motivos para comemorar não faltam. Muito mais que uma medalha, Dona Francisca presenteia Pindamonhangaba com seu sorriso. Sorriso de transparecer que valeu a pena viver mais de duas décadas aqui!

  • Dona Francisca mora com sua filha, genro e neta em Pindamonhangaba há mais de 20 anos
  • Dona Francisca representou Pinda no atletismo pela primeira vez e disputou os 600 metros rasos
  • Francisca tem uma vida bem ativa e acorda bem cedo para cuidar de suas plantas
  • Com a conquista da medalha, Dona Francisca teve uma semana agitada e deu várias entrevistas para a imprensa regional