História : A morte misteriosa do fazendeiro de Guaranésia

Fato ocorrido em município do estado de Minas Gerais foi divulgado nas páginas do jornal Tribuna do Norte na primeira metade do século XX

Esta saiu na edição de 16 de janeiro de 1927 do jornal Tribuna do Norte. Intitulada “Um tremendo acontecimento em Guaranésia (Minas)”, refere-se a um fato ocorrido em Minas Gerais. Atestava o então redator da Tribuna na época, que a fonte de onde vinha esta notícia era digna de credibilidade. “Pessoa com toda honorabilidade conta-nos o seguinte fato, passado em Guaranésia, Diocese de Guaxupé, Estado de Minas Gerais”.

Segundo a matéria da TN, era vigário de Guaranésia um padre muito zeloso com a igreja e com os seus fiéis. Em suas pregações, sempre alertava os cristãos contra os excessos da moda. Agindo dessa forma já teria conseguido “…que todas as senhoras e senhoritas do lugar se apresentassem na igreja segundo as regras da modéstia cristã”.

Prosseguindo o caso, ou seria o causo, aconteceu certo dia de comparecer aos atos religiosos liderados pelo atencioso padre, a filha de um importante fazendeiro do lugar. Infelizmente, o vestido que ela usava era considerado imodesto para se frequentar uma sessão religiosa.
Como já se era de esperar, foi advertida pelo seu vigário. Com bons modos, o padre explicou que não era conveniente a sua presença em uma igreja em tais trajes.

A vingança do pai

Ao saber da atitude do padre o pai da moça se revoltou: “Chamou-o fazendeiro seus capangas para responder à afronta do padre; a desoras mandou chamar a este dizendo que estava ele à morte e desejava se confessar”.

O sacerdote, lembrando-se do recente episódio envolvendo a filha do afamado fazendeiro, desconfiou… “estava certo que se tratava de uma cilada, mas para lá se foi, decidido a morrer; e quiçá, morrer cumprindo o seu dever”.

Na fazenda, esperava-o na janela, o fazendeiro. E logo que o viu apontar na porteira tratou de correr para a cama, a qual tinha embaixo capangas armados, e se meteu em cobertas.

O castigo do Pai

Dizem que o religioso foi recebido com naturalidade, “conduzido ao quarto do ‘enfermo’, e lá deixado só, para a ‘confissão’”. Foi então que o padre, iniciando seu trabalho, chamou o “acamado” dono da casa pelo nome… Nada! Tomou-lhe o pulso e não havia pulsação. Apalpou-o, o seu corpo estava gelado… como cadáver!
Saindo do quarto, o padre teria dito à esposa do fazendeiro: “Cheguei tarde, minha senhora, nosso amigo está morto!”

O acontecimento fatal é assim concluído pela Tribuna ,“…entre prantos e exclamações de arrependimento, ali mesmo se atiram aos pés do sacerdote a viúva, a filha, os capangas e fazem confissão do maldito plano urdido. Deus é terrível em seus castigos”.

  • “Deus é terrível em seus castigos...” (mera ilustração – do quadro (óleo sobre tela) de Jean Baptiste Greuze